Indicações das medicações biológicas (Infliximabe/Remicade e Adalimumabe/Humira) nas doenças inflamatórias intestinais
Cada vez mais o tratamento
para as doenças inflamatórias intestinais torna-se melhor, com mais opções. Até
não muito pouco tempo atrás, as medicações usadas eram muito limitadas. Hoje contamos
com um número cada vez maior de medicamentos, como os biológicos e mais deles
estão por vir. Além do Infliximabe/Remicade e do Adalimumabe/Humira,
recentemente foi aprovado mais um: o Vedolizumabe/Entyvio (leia mais aqui).
Novos tratamentos também começaram a ser feitos e é mais uma alternativa, como
o transplante de células tronco (você pode ler o caso da brasileira Gisele
clicando aqui e do canadense Rob aqui).
Nós já falamos dos medicamentos
biológicos em alguns textos (citados abaixo), mas hoje atenderemos às dúvidas
de muitos leitores que vêm nos escrevendo para saber em que casos eles devem
ser utilizados, seja na doença de Crohn ou na retocolite. Lembrando que os
medicamentos biológicos também são chamados de agentes anti-TNF.
Indicações gerais para o uso dos medicamentos biológicos
Você sabia que os
medicamentos biológicos como Infliximabe e Adalimumabe não são específicos no
tratamento da doença inflamatória intestinal? Pois é, antes disso eles já eram
usados – e com sucesso – no tratamento da artrite reumatoide (e, com menos frequência,
em outras doenças reumatológicas). Apesar de os órgãos reguladores ainda não liberarem,
alguns estudos já mostraram que esses medicamentos também foram eficazes no
tratamento da uveíte, da iridociclite, da hidrosadenite supurativa e da artrite
juvenil.
Nas bulas desses remédios
consta que eles são indicados (por enquanto) para as seguintes doenças: doença
de Crohn, retocolite ulcerativa inespecífica, artrite reumatoide, espondilite
anquilosante, psoríase e artrite psoriática.
Indicações dos medicamentos biológicos na doença de Crohn
Os medicamentos biológicos são
mais utilizados na doença de Crohn do que na retocolite ulcerativa. O Infliximabe,
por exemplo, foi liberado para uso no Brasil em 2000, o que é considerado muito
recente para a medicina. Nesse momento o Infliximabe era indicado para
tratamento das formas moderada a grave da doença e que não respondiam à terapia
convencional (corticoides e imunossupressores). Posteriormente, o Infliximabe
passou a ser recomendado também nas formas fistulizantes da doença e, recentemente,
está sendo utilizado no tratamento em crianças. Acredita-se que num futuro
breve ele também será utilizado após as ressecções intestinais para prevenir recorrências.
O Adalimumabe foi liberado
no Brasil só em 2007 e, assim como o Infliximabe, também começou sendo indicado
para doença nas formas moderada a grave e também na forma fistulizante. Um fato
interessante é que alguns pacientes mostraram-se intolerantes ao uso do
Infliximabe ou pararam de responder a ele e, ao substitui-lo pelo Adalimumabe,
este se mostrou eficaz.
Hoje em dia, quando um
paciente mostra-se intolerante ou não responde a algum medicamento biológico,
costuma-se entrar com o outro e, na maioria dos casos, a resposta é positiva.
Indicações dos
biológicos na doença de Crohn
|
1
– Formas moderada a grave da doença
|
2
– Não resposta à terapia convencional
|
3
– Forma fistulizante
|
4
- Tratamento pediátrico (importante lembrar que nem todas as crianças vão
utilizar).
|
Indicações
dos medicamentos biológicos na retocolite ulcerativa
O tratamento com uso nos
biológicos na retocolite ulcerativa começou bem mais tarde do que na doença de
Crohn. Em 2006, no Brasil e no mundo apenas o Infliximabe está recomendado em
bula para o tratamento da retocolite ulcerativa. Acredita-se que o Adalimumabe
também será liberado num futuro próximo, já que os estudos realizados com ele
já foram finalizados. Infelizmente, no Brasil o SUS ainda não libera o
Infliximabe no tratamento da retocolite ulcerativa, sendo necessário nesse caso
entrar com processo judicial e, mesmo assim, não é garantido. Esperamos que
essa triste realidade mude logo.
As principais indicações do
Infliximabe na retocolite ulcerativa são a colite grave aguda, que não responde
a corticoides endovenosos em pacientes internados em caráter de urgência e paciente
que não podem ser tratados clinicamente com corticoides, aminossalicilatos e
imunossupressores.
Pacientes com colite grave e
fulminante na iminência de tratamento cirúrgico de urgência podem ser beneficiados
com o Infliximabe antes de evoluírem para sepse e perfuração. Estudos mostram
que há significativa redução das taxas de colectomia (cirurgia para retirar
parte do intestino) nesses pacientes. Além disso, o tratamento pode estabilizar
a doença e deixar o paciente em melhor condição para programar uma cirurgia, e
assim tendo menor risco de complicações.
Indicações dos
biológicos na retocolite ulcerativa inespecífica
|
1
– Colites agudas graves ou fulminantes
|
2
– Colites crônicas que não podem ser tratadas com corticoide,
aminossalicilatos e imunossupressores
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Contraindicações do uso dos medicamentos biológicos nas doenças inflamatórias intestinais
Ainda que o paciente tenha
indicação para o uso do medicamento biológico isso não significa que ele
necessariamente possa utilizá-lo. Estes medicamentos são imunossupressores
potentes, o paciente não pode ter nenhuma infecção vigente no início do
tratamento. Dessa forma, infecções ativas (em qualquer parte do organismo)
tornam-se contraindicações importantes e devem ser completamente erradicadas
antes do tratamento com biológico. É por isso que seu médico solicita tantos
exames antes de iniciar a terapia biológica, como o PPD e o raio-x de tórax que
são solicitados para afastar a possibilidade de tuberculose.
Outras contraindicações da
terapia biológica são:
- Abscessos
abdominais ou perianais ligados à doença de Crohn,
- Esclerose
múltipla,
- Neurite
óptica,
- Alergia
ou insensibilidade aos componentes do Infliximabe ou Adalimumabe,
- Tuberculose
ativa (recente ou antiga),
- Insuficiência
cardíaca graus III e IV,
- Neuropatia
periférica com bloqueio de condução,
- Linfoma
ou outras neoplasias previamente tratadas (contraindicação relativa),
- Infecções
ativas de qualquer natureza.
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