Maconha
é o nome dado a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa. Cultivada em várias partes do mundo, a Cannabis ficou conhecida principalmente
por seu uso medicinal e recreativo, mas apresentou os mais variados usos ao
longo da história. O seu talo, por exemplo, foi utilizado por muito tempo como
matéria prima para a fabricação de
cordas, fibras têxteis, palitos e até papel. Todavia, é das folhas, bem
como de seus topos floridos, que se extrai a substância ativa THC
Delta-9-Tetrahidrocanabinol, responsável por seus efeitos terapêuticos e
psicotrópicos.
O uso medicinal da maconha
O
uso medicinal da maconha é tão antigo quanto o seu uso recreativo. Originária
da Ásia Central, seu primeiros registros históricos são de mais de 200 anos
a.C. na China, no Egito e na Índia, quando era utilizada para inúmeros fins
terapêuticos. Os chineses, por exemplo, utilizavam a Cannabis como analgésico, enquanto os gregos usavam para liberar gases
intestinais e aliviar as dores de ouvido e os indianos para "libertar a
mente de coisas mundanas".
Hoje,
apesar do intenso processo de criminalização dessa droga em diversas partes do
mundo, são muitas as pesquisas que comprovam o seu valor medicinal. De acordo
com cientistas, os efeitos curativos ocorrem quando o carbonoide THC liga-se
aos receptores do sistema endocanabinoide do cérebro, reduzindo a dor e da
ansiedade e produzindo uma sensação de alteração da consciência. Outras
substâncias presentes na planta também possuem efeitos medicinais.
No
Brasil, o uso médico da Cannabis é
proibido, mas nos países em que o seu uso é autorizado pelo Estado, os médicos a
recomendam para aliviar os sintomas de doenças crônicas como AIDS, câncer,
TDAH, esclerose múltipla, náusea decorrente da quimioterapia, doença de Crohn,
insônia, artrite e falta de apetite. A maconha medicinal também é indicada para
pacientes terminais, como forma de aliviar a dor e melhorar a qualidade de
vida.
É possível utilizar maconha para fins medicinais sem ter “barato”?
Um
dos maiores desafios dos laboratórios é tentar separar o efeito medicinal da
droga do efeito psicoativo, com o objetivo de criar uma maconha que trate o
paciente sem dar "barato" - visto que muitas pessoas não desejam se
submeter aos seus efeitos cognitivos.
Até pouco tempo, nenhuma pesquisa havia
avançado nesse sentido, mas no ano passado, cientistas da Universidade Hebraica
de Jerusalém desenvolveram um tipo de maconha medicinal a partir da
neutralização da substância THC. Essa modalidade de maconha não gera efeitos
cognitivos, contribui para combater reações inflamatórias e pode ser muito útil
no tratamento de doenças autoimunes.
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Maconha e Doenças Inflamatórias Intestinais
De
acordo com a professora Ruth Gallily, especialista em imunologia da
Universidade Hebraica de Jerusalém, a segunda substância mais importante da Cannabis - o canabidiol (CBD) - tem
propriedades "altamente benéficas e significativas" para doentes que
sofrem de enfermidades crônicas como diabetes, artrite reumatóide e doença de
Crohn. Na contramão do que se acreditava até então, as substâncias da Cannabis que provocam efeitos cognitivos
não são exatamente as mesmas que possuem propriedades terapêuticas. O CBD, por
exemplo, não gera qualquer fenômeno cognitivo nos pacientes.
Outro
estudo referente ao uso de maconha no tratamento de doenças inflamatórias
intestinais foi realizado pelo Departamento de Gastroenterologia pertencente à
Universidade de Tel Aviv, Israel. A pesquisa contou com a participação de 13
pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) e teve como finalidade
investigar os efeitos de um tratamento com Cannabis
inalada. Após três meses de tratamento, os pacientes relataram melhora na percepção
de saúde geral, funcionamento social, capacidade de trabalho, a dor física e
depressão. Os pacientes também tiveram um ganho de peso médio de 4,3 kg e um
aumento médio do IMC (índice de massa corporal) de 1,4.
Os
benefícios da maconha para o tratamento da doença de Crohn também foram
constatados por pesquisadores do Instituto de Gastroenterologia e Hepatologia do
Centro Médico Meir. Eles acompanharam as atividades da doença, o uso de
medicamentos, a necessidade de cirurgia e de internação antes e após uso da Cannabis em 30 pacientes.
De acordo com
os médicos, todos relataram que consumir maconha teve um efeito positivo sobre
a atividade da doença, enquanto 21 pacientes apresentaram “melhoria
significativa”. A necessidade de uso de outros medicamentos e intervenções
cirúrgicas também diminuiu significativamente.
Há chances do uso medicinal da maconha ser legalizado no Brasil?
Apesar
da proibição da Convenção Única de Entorpecentes de 1961 (assinada pelo Brasil),
a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que a maconha pode ser utilizada
como medicamento, desde que os países oficializem uma agência especial para Cannabis nos seus ministérios da saúde. Em
maio de 2010, um simpósio científico internacional organizado pelo Centro
Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) discutiu a
criação de uma agência para regular o uso medicinal da maconha no país, mas o
Conselho Federal Medicina (CFM) se mantém contrário à proposta e não há
previsão de mudança na legislação, apesar das discussões estarem ficando mais frequentes ultimamente.
Leia mais sobre a Cannabis e DII nesse artigo do Ai, minha barriga!
Excelente matéria! Temos que nos unir e formalizar um pedido junto à ANVISA. Nós temos o direito de ter acesso a este medicamento. Parabéns mais uma vez! Vamos quebrar este tabu, tirar este estigma que maconha serve somente para uso recreativo. Seu potencial medicinal é comprovado há mais de 10.000 anos.Abraços, muita saúde e paz.
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