Hoje na Sessão Conte a Sua História vamos ouvir Catarina
Bazani, 25 anos de Presidente Prudente, São Paulo, Brasil.
Os primeiros sintomas:
“Meus primeiros sintomas foram dificuldades para
evacuar, eu sentia vontade, mas não conseguia, isso durou uns três dias, aí
quando consegui evacuar, não saíram fezes, saiu muito sangue, sangue vivo, na
hora que vi todo aquele sangue fiquei desesperada e chamei minha mãe pra ver, e
após todo esse sangramento comecei a ter muita diarreia, um dia fui 20 vezes ao
banheiro, aí saía diarreia com muito sangue e muco. Na época eu tinha 21 anos e
estava no último termo da faculdade, terminando meu TCC.”
Diagnóstico:
“No mesmo dia que tive a perda de sangue marcamos uma
consulta com o gastroenterologista, no outro dia já fui atendida e relatei os
sintomas, ele fez o toque pra saber se eram hemorroidas, mas não eram, em
seguida ele comentou que suspeitava de Retocolite, mas só uma colonoscopia
poderia nos dar essa certeza, marcamos a colonoscopia pro dia seguinte da
consulta. Fiz o exame e a biópsia e uma semana depois já tínhamos o resultado
em mãos.”
“Fui diagnosticada com Retocolite Ulcerativa Moderada,
e também estava com pólipos, que foram retirados na colonoscopia.”
Qual foi a reação da Catarina ao
receber o diagnóstico?
“Assim que eu soube do resultado, fiquei assustada,
desesperada, pois não sabia nada da doença, nunca tinha ouvido falar, mas o
médico foi muito profissional e me explicou cada detalhe da doença.”
A busca por informações:
“Após o médico me explicar a doença comecei a procurar
mais informações na internet, era o único lugar que eu poderia saber mais a
respeito, até então eu não conhecia outras pessoas portadoras de Retocolite.”
O tratamento inicial:
“De início comecei o tratamento com um antibiótico, por
uma semana, o qual me causou muitas dores abdominais e muita diarreia, eu tinha
a sensação que estava limpando meu intestino. Uma semana depois passei a fazer
o uso da Mesalazina, 800mg, uma vez ao dia. Juntamente com a medicação o médico
me passou uma dieta bem rigorosa, nada de comer chocolate, carne vermelha,
pimenta, leite e derivados.”
Leia mais sobre antibióticos e DII.
Complicações no decorrer da doença:
“No primeiro mês de tratamento encontrei muitas
dificuldades, sentia muita fraqueza, às vezes não conseguia nem levantar da
cama, não tinha ânimo para nada e ainda tinha o TCC pra terminar, passado o
primeiro mês já comecei a sentir uma melhora, o sangramento parou, as diarreias
foram diminuindo, aos poucos fui voltando a minha rotina, consegui terminar o
TCC, ter nota máxima, e claro, me formar, hoje sou formada em Tecnologia em
Agronegócios.
Após terminar a faculdade tudo começou a dar certo, passei em
um Concurso Público, mudei de cidade e fui morar em república. Aos poucos os
sintomas da doença começaram a desaparecer, até que em um certo momento eu não
sentia mais nada, me dei como “curada”, todavia, voltei no médico, contei como
eu estava me sentindo e ele pediu uma nova colonoscopia, fiz o exame e para a
minha surpresa e alegria não deu nada, aí o médico me explicou que eu estava em
um período de remissão, ele suspendeu a medicação e me orientou a continuar com
a dieta. No começo eu fiz tudo como ele orientou, mas como eu me sentia ótima,
voltei a comer chocolate, tomar leite, comer carne vermelha e o pior, a fazer
uso de bebida alcoólica, fazia tudo isso exageradamente, eu estava ótima e não
me preocupava mais com a doença, na verdade nem lembrava que tinha uma doença.
Fiquei exagerando durante um ano mais ou menos. E após todas essas “loucuras”
comecei a sentir muita cólica, dores abdominais, isso foi aumentando
gradativamente, e um certo dia comecei a ter diarreia, ia ao banheiro duas, três
vezes ao dia, foi aumentando, e junto com a diarreia veio novamente o
sangramento, a fraqueza, desânimo. Voltei ao médico, contei o ocorrido, ouvi um
sermão e fui encaminhada para outra colonoscopia, e pra minha tristeza a doença
estava ativa e um pouco pior, voltei a fazer o uso da Mesalazina 800mg, quatro
vezes ao dia, e ainda tinha que fazer o uso do supositório todas as noites.
Comecei a melhorar, fiquei umas duas semanas bem, e novamente voltaram todos os
sintomas, e novamente voltei ao médico, o mesmo optou pelo uso do corticoide,
fiquei melhorando e piorando por uns seis meses, durante esse período perdi
quase dez quilos, me sentia muito magra, feia, e isso só piorava a situação.
O médico vendo como eu estava aumentou a Mesalazina pra dose máxima, oito comprimidos de 800mg e foi retirando o corticoide aos poucos, me informou que é uma medicação que não se toma por muito tempo devido aos efeitos colaterais. Mas eu tinha nenhuma melhora, piorava a cada dia, se eu ficava bem era por uns três dias e depois piorava, ainda assim continuei por alguns meses. E um dia antes do domingo de páscoa de 2013, no sábado à noite eu senti uma dor muito forte no intestino e uma necessidade muito grande de evacuar, mas quando fui ao banheiro só saiu sangue, muito sangue, nesse dia eu estava com minhas amigas em um sítio da família, íamos passar a páscoa lá, mas quando elas viram o meu estado, a minha palidez, me levaram imediatamente pro hospital, onde já fui direto pra internação e fui submetida a outra colonoscopia, novamente deu o mesmo resultado, Retocolite Ulcerativa Moderada, sem alteração do grau da doença. Recebi alta do hospital, mas não saí bem, devido à imunidade baixa peguei várias infecções. Após a internação voltei a fazer uso do corticoide novamente, fiquei umas três semanas bem e piorei novamente, mas não podia ser internada novamente, pois estava muito fraca com a imunidade baixa, tive que fazer o tratamento e repouso em casa, com isso emagreci mais um pouco e consequentemente ficava muito triste com tudo isso. Com todos os transtornos e tentativas frustradas, o médico resolveu mudar um pouco, me encaminhou pra psicoterapia, tirou o supositório e o corticoide e mudou para a Mezalazina de 500mg, oito comprimidos ao dia.”
O médico vendo como eu estava aumentou a Mesalazina pra dose máxima, oito comprimidos de 800mg e foi retirando o corticoide aos poucos, me informou que é uma medicação que não se toma por muito tempo devido aos efeitos colaterais. Mas eu tinha nenhuma melhora, piorava a cada dia, se eu ficava bem era por uns três dias e depois piorava, ainda assim continuei por alguns meses. E um dia antes do domingo de páscoa de 2013, no sábado à noite eu senti uma dor muito forte no intestino e uma necessidade muito grande de evacuar, mas quando fui ao banheiro só saiu sangue, muito sangue, nesse dia eu estava com minhas amigas em um sítio da família, íamos passar a páscoa lá, mas quando elas viram o meu estado, a minha palidez, me levaram imediatamente pro hospital, onde já fui direto pra internação e fui submetida a outra colonoscopia, novamente deu o mesmo resultado, Retocolite Ulcerativa Moderada, sem alteração do grau da doença. Recebi alta do hospital, mas não saí bem, devido à imunidade baixa peguei várias infecções. Após a internação voltei a fazer uso do corticoide novamente, fiquei umas três semanas bem e piorei novamente, mas não podia ser internada novamente, pois estava muito fraca com a imunidade baixa, tive que fazer o tratamento e repouso em casa, com isso emagreci mais um pouco e consequentemente ficava muito triste com tudo isso. Com todos os transtornos e tentativas frustradas, o médico resolveu mudar um pouco, me encaminhou pra psicoterapia, tirou o supositório e o corticoide e mudou para a Mezalazina de 500mg, oito comprimidos ao dia.”
A mudança de hábitos, o convívio familiar e no trabalho
“Não tive mudanças drásticas no meu dia a dia, a minha
família me ajudou e me apoiou em todos os momentos, os meus amigos também, que
na verdade não foram amigos, foram irmãos de coração, todas as vezes que eu
estava em crise, triste, abalada, estiveram do meu lado alegrando o meu dia e
fazendo esquecer um pouquinho da doença. O maior problema foi no meu trabalho,
algumas pessoas não entendem os momentos de crises e dizem que não é doença, é
“frescura”, e sempre acham que estou fazendo drama e usando de uma “simples
diarreia” pra me fazer de doente. Já tentei explicar algumas vezes, mas nenhum
deles tem tempo ou vontade de ouvir e taxam como uma doença qualquer.”
Conhecimento dos outros sobre a doença:
“Ninguém da minha família conhecia a doença, nem os
meus amigos, eu expliquei, eles entenderam e me ajudam sempre.”
Trabalhos de divulgação ou participações em grupos sobre DII:
“Participo de um grupo no Facebook, onde podemos trocar
experiências, compartilhar alegrias e tristezas e um apoiar o outro.”
O tratamento hoje em dia e como está se sentindo:
“Atualmente o meu tratamento é a dieta super rigorosa,
e o uso da Mesalazina de 500mg, seis vezes ao dia, como estou sem crise, não
tenho sangramento e são poucas as vezes que tenho diarreia, o médico está
diminuindo a Mesalazina aos poucos.”
“Levo praticamente uma vida normal, trabalho, namoro,
tenho muitos momentos de lazer e só preciso controlar o meu emocional, é só
descontrolar um pouco que já passo mal.”
Exercício
físico e a retocolite ulcerativa.
“Faz um mês que parei com a prática de esportes, por falta de
horário disponível. Mas por um tempo pratiquei corrida e fiz musculação. No meu
caso ajuda muito a controlar a doença, principalmente a corrida, faz muito bem,
só não podemos exagerar quando estamos em crise.”
Dieta e a rectocolite ulcerativa:
“A dieta sigo rigorosamente, não como carne vermelha,
nada de frituras, chocolate, pimenta, leite e derivados, nada que possa soltar
o intestino. Como muita maçã, banana prata ou banana maçã, bebo muito suco de
caju, goiaba e tomo açaí. No almoço e no jantar sempre como purê de legumes,
legumes cozidos, peixe e frango grelhado e como muito pão durante o dia, como
não faz mal pra mim, aproveito pra comer um monte.”
“E para quem está sendo diagnosticado hoje, um
conselho, uma ajuda, muita calma, mas muita calma mesmo, é difícil não ter
aquele momento em que vai se desesperar, ficar muito triste, se sentir inútil
por ter momentos em que não consegue realizar algumas tarefas diárias, mas
tenha muita fé em Deus, fé em você mesmo, não deixe de compartilhar a doença
com os amigos e familiares, desabafar sempre vai ajudar muito. Pratique
esportes, faça o uso da medicação corretamente e não saia da dieta, com certeza
você terá uma vida normal. Não descuidemos do nosso intestino, ele é o nosso
segundo coração.”
Obrigado Catarina por compartilhar conosco a sua história.
Se você também quer mostrar a outras pessoas como foi o seu desenrolar da doença, mande-nos uma mensagem (email: crohnecolite@gmail.com) que entraremos em contato.
Ou caso prefira, faça o download do questionário na barra lateral direita do site, complete-o e envie-o para crohnecolite@gmail.com
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