7 dúvidas comuns sobre estatística e causas da doença inflamatória intestinal
1. Há estudos sobre a prevalência e
incidência da doença de Crohn no Brasil?
A maior incidência e prevalência
estão nos países desenvolvidos, principalmente no norte da América e Europa. Provavelmente,
essas populações tem mais predominância devido à genética daquele povo, que é
pouco miscigenado. A prevalência continua sendo maior na raça branca, entre indivíduos
de maior nível socioeconômico e no meio urbano.
Há poucos estudos no Brasil
sobre a prevalência e a incidência da doença. A maioria deles é feito em
algumas regiões específicas e, assim, fica difícil estabelecer quaisquer dados da
doença para o país todo. Outro fator é que nossa população é muito miscigenada e,
provavelmente, isso alteraria as taxas de incidência e prevalência e, por isso,
devem ser estudadas por região, mas no país todo.
O que sabemos é que o
aparecimento de novos casos está crescendo a cada dia mas, ainda assim, parece
que a incidência no Brasil ainda é relativamente pequena.
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2. Doença de Crohn pode ser considerada uma doença rara?
Sim. Nos Estados Unidos, um
dos países com maior número de pacientes com doença de Crohn, a doença tem incidência
de 7/100.000, o que já pode ser considerado efetivamente uma doença rara.
Como já vimos, a doença
atinge mais pessoas de maior nível socioeconômico. Mas e se uma pessoa veio de
uma região subdesenvolvida para uma desenvolvida? Isso muda alguma coisa? Bom,
descobriram que se um indivíduo migra para uma área desenvolvida ainda na adolescência,
mesmo originário de uma área com baixa incidência, ele vai ter maior tendência
para o aparecimento da doença inflamatória intestinal.
- E por que a incidência é
maior nos países desenvolvidos?
Uma hipótese para isso é a “teoria
da higienização”. Já falamos sobre ela no texto sobre fatores ambientais que
podem causar a doença inflamatória intestinal (leia-o clicando aqui).
Essa teoria enuncia que pessoas com maior poder econômico, por excesso de
cuidados durante a infância, não teriam o devido contato com agentes
infecciosos e, por conseguinte, não desenvolveriam suas defesas imunológicas, o
que favoreceria a uma resposta alterada da sua imunidade no momento em que
estivessem expostos a agentes vivos presentes no lúmen intestinal. A maioria
das pessoas convive bem ou combatem esses microrganismos, mas os portadores de
doença inflamatória intestinal acabam tendo uma reação inflamatória. Mas convém
lembrar que esse é apenas um dos possíveis motivos.
- Há diferença em relação
ao gênero e idade?
A faixa etária mais comum de
manifestar a doença inflamatória intestinal é entre os 15 e 30 anos de idade,
tendo um 2º pico de incidência em pessoas com mais de 50 anos. No entanto, a
doença pode atingir qualquer idade sendo, inclusive, já diagnosticada em bebês
com menos de 1 ano de vida.
Em relação ao gênero, é mais
comum nas mulheres. Mas alguns estudos já vem mostrando que a diferença do
número de casos entre as mulheres e homens é pequena.
- Que fatores contribuem
para a inflamação?
Estudos sugerem que o aparecimento
das doenças inflamatórias intestinais ocorre em indivíduos geneticamente
predispostos e resulta de uma resposta imunoinflamatória a microrganismos no
intestino. Pessoas saudáveis tem uma reação normal a esses organismos, pessoas
com doença inflamatória intestinal tem uma resposta exagerada, que leva à inflamação.
A genética tem uma relação importante.
Estudos já mostraram que o risco de aparecimento entre parentes de primeiro
grau é maior do que o risco de aparecimento na população geral. Em gêmeos idênticos
(monozigóticos) também há alta taxa de concordância.
Parece que mutações nos
cromossomos 12, 14 e 16 são as possíveis regiões de maior susceptibilidade para
o desenvolvimento da doença de Crohn.
Nós também já abordamos os
fatores genéticos como possíveis razões para o aparecimento da doença
inflamatória intestinal. Você pode ler clicando aqui.
- Que fatores ambientais
devem ser considerados?
O tabagismo é um fato
ambiental altamente relevante na inflamação intestinal e sua evolução. Também
já falamos especificamente só sobre o tabagismo (você pode ler aqui).
Vamos só lembrar que o tabagismo comporta-se diferentemente na doença de Crohn
e na retocolite: a nicotina tem efeito protetor na retocolite, enquanto que na
doença de Crohn o risco de desenvolver a doença é duas vezes maior em fumantes
do que em não fumantes (esse risco permanece entre os não-fumantes) e há uma
pior evolução clínica, com maior número de complicações e maior necessidade de
cirurgia.
Estudos apontam a
possibilidade de a inflamação surgir a partir de uma infecção e, nesse caso,
algumas bactérias já foram apontadas como possíveis responsáveis: Mycobacterium paratuberculosis, espécies
dos gêneros Pseudomonas e Listeria, mas nada ainda foi confirmado.
- A doença de Crohn é
mesmo uma doença não fatal?
Muitos textos sobre doença
de Crohn consideram-na não fatal, mas há alguns estudos que mostram um índice de
mortalidade relacionado à doença ou às suas complicações ou ao seu tratamento.
Num levantamento feito em 2006 o índice de morte foi de 1,1%. Felizmente são
raríssimos os casos que levam ao óbito e com as novas terapias e melhor
abordagem essa mortalidade será ainda mais rara.
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