Colites microscópicas: colite linfocítica e colite colagenosa
A maioria das vezes que
ouvimos falar sobre doença inflamatória intestinal refere-se à doença de Crohn
ou à retocolite ulcerativa. No entanto, apesar de pouco faladas, a colite
linfocítica e a colite colagenosa também fazem parte desse grupo de doenças. Elas
são classificadas como colites microscópicas porque nos exames de imagem como
colonoscopia e sigmoidoscopia o cólon apresenta-se normal, ou seja, não há
sinal visível de inflamação. Sendo assim, o único modo de fazer o diagnóstico é
através de biópsia, juntamente com o exame clínico feito pelo médico.
Apesar de todas essas
doenças caracterizarem-se por uma inflamação no intestino, a doença de Crohn e
a retocolite ulcerativa são formas mais graves que as colites microscópicas.
Quais são os sintomas?
Tanto na colite linfocítica
quanto na colite colagenosa os sintomas são os mesmos:
- Diarreia
crônica (sem sangramento),
- Dor
abdominal tipo cólica (na maioria dos casos).
As fezes podem conter muco.
Não é comum perda de peso e vômitos.
Assim como nas outras
doenças inflamatórias intestinais, há períodos de remissão nos quais o paciente
não tem nenhum sintoma.
Tratamento
O
tratamento para colite colagenosa e colite linfocítica varia dependendo dos
sintomas e gravidade do caso. Essas doenças são conhecidas por resolverem por si mesmas, embora a maioria das pessoas
sofra com diarreia. Mudanças no estilo de vida são a primeira tentativa de
tratamento.
As
mudanças recomendadas incluem reduzir a quantidade de gordura na dieta,
eliminar alimentos que contêm cafeína e lactose, e evitar analgésicos como
ibuprofeno ou aspirina. Se essas mudanças no estilo de vida não forem suficientes,
medicamentos podem ser usados para ajudar a controlar os sintomas. Sobre os
medicamentos vamos abordar um pouco mais especificamente no tópico sobre cada
tipo de colite logo abaixo.
Em
casos extremos, quando não houve resposta à medicação, pode ser necessária
cirurgia para remover o cólon ou parte dele. Entretanto, cirurgia raramente é
recomendada. Além disso, colite colagenosa e colite linfocítica não elevam o
risco da pessoa ter câncer de cólon.
Colite colagenosa
A colite colagenosa é
caracterizada por quantidade de colágeno maior que o normal no revestimento do
cólon e é mais frequente em mulheres e, apesar de estar presente em todas as
faixas etárias, é mais comum entre 40 e 70 anos de idade. Há algumas teorias
para explicar a etiopatogenia:
- O
paciente apresenta excesso de colágeno pela sua síntese desordenada,
- O
excesso de colágeno é produto resultante da alteração vascular,
- O
excesso de colágeno é consequência de um infiltrado inflamatório crônico
autoimune.
O que se sabe até agora é
que esse colágeno em excesso é do tipo 3, isto é, resultado do reparo de algum
ferimento.
Neste tipo de colite a diarreia
é resultado do aumento da espessura da camada de colágeno subepitelial que
impede a absorção de soluções. A camada de colágeno subepitelial normal na
parede cólica, em geral, tem a espessura de 3 µm14. O diagnóstico
definitivo de colite colagenosa é feito pela presença, nas biópsias, de uma
camada de colágeno subepitelial com espessura variando entre 10 e 93 µm².
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Tratamento medicamentoso:
Vários tratamentos já foram
empregados para a colite colagenosa com diferentes graus de sucesso. A terapia
com antidiarreicos, como a loperamida e com anti-inflamatórios como a
mesalazina, têm pequena valia. O melhor benefício tem sido obtido com o uso de
prednisona com redução da espessura da camada de colágeno e melhora da
diarreia.
Colite linfocítica
A colite linfocítica é
controversa. Nela há aumento uniforme de células inflamatórias linfocíticas na lâmina
própria da mucosa do cólon. No epitélio normal colorretal há a presença de
cerca de 5 células T linfocíticas intraepiteliais por 100 células epiteliais e
no paciente com colite linfocítica esta proporção aumenta para 25 células T linfocíticas
por 10013.
As semelhanças com a colite
colagenosa são tantas que já houve suposição de que a colite linfocítica seria
um estágio precoce da colite colagenosa. No entanto, há diferenças entre as
duas colites microscópicas: prevalência maior em mulheres (1,3:1) e presença de
HLA A1 e HLA A3 nos pacientes com colite linfocítica, fato que não acontece na
colite colagenosa ou mesmo, em outras doenças autoimunes.
Tratamento medicamentoso:
É o mesmo da colite colagenosa, com os melhores
resultados sintomáticos obtidos com o uso de prednisona. A terapia com
antidiarreicos, como a loperamida e com anti-inflamatórios como a mesalazina,
também têm pequena valia.
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