Cientistas descobrem possível chave contra a resistência às medicações na doença de Crohn
Estima-se que até ¾ dos
pacientes com doença de Crohn podem precisar de cirurgia em alguma época da
vida. Um dos motivos é a resistência que a pessoa adquire aos medicamentos
usados no tratamento da doença como, por exemplo, os corticoides.
Agora cientistas do Florida campus of The Scripps Research Institute (TSRI) identificaram um pequeno subconjunto de células do sistema imune que podem
desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença de Crohn e estão
associadas à resistência aos corticoides utilizados no tratamento da
doença de Crohn.
O estudo foi publicado ainda
essa semana, na edição online do Journal of Experimental Medicine e
focou nas células Th17, que pertencem a uma família das células brancas do
sangue que têm sido relacionadas a inúmeras doenças autoimunes, incluindo a
doença de Crohn. No novo estudo, os pesquisadores descobriram que um
subconjunto de células Th17 em humanos expressa o transportador de múltiplas
drogas – o MDR1 – e estas células estão ligadas à inflamação em pacientes com
doença de Crohn. O MDR1 é uma proteína já famosa por promover resistência aos
medicamentos em tumores e também por atuar como um fator de sobrevivência e
resistência de corticoides nas células T, especialmente em ambientes
agressivos, tais como a mucosa intestinal inflamada em pacientes com doença de
Crohn.
“Nosso estudo é o primeiro a
identificar e caracterizar este subconjunto de células T exclusivamente
pró-inflamatória”, disse o biólogo Mark Sundrud, professor assistente do TSRI
que liderou o estudo. “Nós fomos capazes de identificar essas células
diretamente de tecidos danificados retirados de pacientes com doença de Crohn e
descobrimos que essas células pró-inflamatórias tem uma expressão exagerada dos
genes que contribuem para a doença”.
Em indivíduos saudáveis,
apenas de 5 a 10% das células T CD4+ são células Th17 expressando MDR1. Ao
contrário, o estudo descobriu que as células T CD4+ encontradas no tecido
inflamado retirado nos pacientes com doença de Crohn eram quase 60% de células
Th17 + MDR1.
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O estudo também mostrou que
estas células são resistentes aos corticoides naturais e sintéticos, uma
classe de medicamentos considerados de primeira linha na defesa contra a
maioria das doenças autoimunes. “Se uma célula T expressa MDR1 é provável que
tenha uma vantagem injusta sobre o crescimento de células T que cercam”, disse
Sundrud. “Quando expostos a corticoides é este subconjunto de células que
irá sobreviver e prosperar”.
Embora não esteja claro que
essas células pró-inflamatórias vão se tornar mais proeminentes em pacientes ao
longo do tempo, estes resultados sugerem que o tratamento com corticoides
em si pode ser diretamente responsável pelo acúmulo destas células em pacientes
com doença de Crohn. Sundrud e seus colegas continuam a pesquisar.
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