Novo tratamento para colite ulcerativa pode vir de medicamentos usados para tratar leucemia.
Um medicamento atualmente no mercado para tratar
leucemia reverteu os sintomas da colite em testes de laboratório de acordo com
resultados publicados recentemente por pesquisadores da área médica da
Universidade de Alberta.
O pesquisador e doutor Shairaz Baksh da Faculdade de Medicina e
Odontologia de Alberta, Canadá, publicou a descoberta de sua equipe na revista
PLOS ONE.
A sua equipa descobriu também que um gene supressor
tumoral pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento de colite.
Quando este gene para de funcionar ou está faltando, o processo de inflamação é
acionado e o corpo perde a habilidade de reparar o tecido danificado do cólon.
Isto leva a um grande desconforto e a uma recuperação dificultada seguindo
surtos de inflamação. A inflamação persistente é prevalente na doença
inflamatória intestinal, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa.
Dr. Baksh e sua equipe verificou se eles poderiam
interferir no processo inflamatório e estimular o organismo a reparar o tecido
danificado fazendo com que a a doença fosse menos severa e que os pacientes pudessem
se recuperar mais rapidamente dos sintomas. A equipe de pesquisadores usou um
medicamento que está no mercado há anos e é usado para leucemia, chamado
imatinib/Gleevec, para tratar ratos saudáveis e ratos que estavam faltanto o
gene supressor de tumores.
"O tratamento reverteu os sintomas da colite
", disse Dr. Baksh. "Estamos à beira de um novo tratamento para esta
condição que afeta 150 mil canadenses. Estamos muito animados sobre o impacto
desta descoberta.”
"Estamos tentando inibir a colite impedindo a
inflamação que está causando o dano. Mais importante ainda, por meio do
controle ou prevenção da inflamação pode-se reduzir a probabilidade desses
pacientes com colite ulcerativa desenvolverem câncer colorretal mais tarde na
vida. Cerca de metade deles desenvolvem este tipo de câncer devido à inflamação
crônica.”
"Nossos resultados também sugerem que podemos ter
identificado novos biomarcadores para o aparecimento e progressão da doença
inflamatória intestinal."
Os pesquisadores continuarão a trabalhar nesta área e
descobriram que outros medicamentos atualmente no mercado tem o mesmo efeito na
redução dos sintomas da colite em camundongos. Ele espera publicar os
resultados do novo estudo de medicamentos em breve, e suspeita que um novo
tratamento para a colite pode ser uma combinação de dois ou três medicamentos
já existentes no mercado.
Uma terapia combinada de diferentes medicamentos precisaria
ser submetida a novos testes em laboratório, mas poderia ir a ensaios clínicos
em cerca de cinco anos desde que os medicamentos já estejam aprovados.
Cerca de 0,5 por cento dos canadenses tem colite. O
Canadá é o país com a maior incidência do mundo e em Alberta é maior do que em
outras províncias. Os estudos estão em andamento para identificar os lugares de
maior incidência na província. Genética, dieta e ambiente, respectivamente,
desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. Os sintomas da
doença inflamatória intestinal incluem perda de peso, sangramento retal e dores
abdominais. Os pacientes com a condição podem ter partes do cólon ulceradas e
inflamadas o que pode causar um grande desconforto .
Baksh examina a ligação entre inflamação e câncer.
Cerca de um terço dos cânceres iniciam-se devido à inflamação crônica , diz
ele. Por exemplo, cerca de 40 a 50 por cento dos pacientes com colite
ulcerativa (uma forma de doença inflamatória intestinal) pode vir a desenvolver
câncer colorretal; aqueles com bronquite crônica são propensos a desenvolver
câncer de pulmão; e pancreatite aguda muitas vezes leva ao câncer pancreático. Por
isso, há uma grande necessidade de compreender como a inflamação é uma
"pré- condição " para o câncer, diz Dr. Baksh .
Baksh é um pesquisador do Departamento de Pediatria,
do Departamento de Bioquímica e da Divisão de Oncologia Experimental da
Universidade de Alberta.
Sua pesquisa foi financiada pela Alberta Innovates – Health
solutions, o Hair Massacure e o Canadian Institutes of Health Research.
Tammy MacDonald, que fundou o Hair Massacure e ajudou
a financiar a pesquisa , falou sobre o diagnóstico de um membro jovem de sua
família que descobriu ter leucemia em 2000 - um diagnóstico que teria sido uma
sentença de morte no passado.
"Hoje, devido à investigação em curso e os
ensaios clínicos, as chances de tratamento de muitos tipos de câncer tem
aumentado significativamente. Ainda assim, não encontramos a cura, mas
acreditamos que ao ajudar a continuação da pesquisa, inevitavelmente nos levará
até lá.
"Dr. Baksh é o nosso pesquisador escolhido.
Estamos extremamente gratos pela sua experiência, paixão e responsabilidade. A
descoberta do Dr. Baksh e o seu interesse em colite e doenças inflamatórias
intestinais no que se refere a fatores pré
-cancerígenos acrescenta uma abordagem mais completa para buscar tratamentos
proativos que possam vir a prevenir o câncer."
Leia o artigo original.
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