Será que basta só fechar o
diagnóstico? “Você tem doença de Crohn”, “você tem retocolite ulcerativa”...
mas e aí? A doença de um não é igual a de outro e esse é um dos motivos pelos
quais se classificam a doença. Tem pessoas que tem a doença em grau leve e
assim ela permanece por anos e anos, tem pessoas que já tem a doença bem grave
no momento do diagnóstico mesmo, tem pessoas que a doença vai se agravando com
o passar do tempo, ou ficando mais controlada... enfim, cada um é um e viva a individualidade!
Por essas e por outras é tão indispensável classificar bem a doença, pois assim
pode-se tentar prever o curso da doença e traçar o melhor tratamento.
Com certeza o seu médico fez
a classificação da sua doença após fechar o seu diagnóstico. Quer entender como
isso é feito? Então vamos lá!
A principal variação entre essas
duas classificações relaciona-se com o parâmetro comportamento em relação à
doença perianal: na classificação de Viena ela era incluída no fenótipo B3, mas
passou a ser considerada um fenótipo extra, o que significa que ela tornou-se
um agente modificador da doença de Crohn. As novas descobertas da doença
perianal que permitiram isso foram:
- O conhecimento de que a doença perianal apresenta uma história natural diferente da doença inflamatória penetrante.
- A necessidade cirúrgica é significativamente mais elevada nos pacientes com doença penetrante quando comparada à doença perianal.
- Há evidências inconsistentes da associação entre a doença perianal e a fistulização interna em pacientes com doença ileal isolada.
- Outra alteração foi na idade do diagnóstico, na qual foi feita a separação da doença de Crohn pediátrica (abaixo de 16 anos).
- Segue abaixo ambas essas classificações para a doença de Crohn e para a retocolite ulcerativa.
ASSINE NOSSO BOLETIM INFORMATIVO
Doença de Crohn
Classificação
de Viena e Montreal para doença de Crohn
Viena
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Montreal
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Idade
do diagnóstico
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A1
– abaixo de 40 anos
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A1
– abaixo de 16 anos
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A2
– acima de 40 anos
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A2
– entre 17 e 40 anos
|
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A3
– acima de 40 anos
|
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Localização
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L1
– ileal
|
L1
– ileal
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L2
– colônica
|
L2
– colônica
|
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L3
– ileocolônica
|
L3
– ileocolônica
|
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L4
– TGI superior
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L4
– TGI superior isolado
|
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Comportamento
|
B1
– não estenosante
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B1
– não estenosante, não penetrante
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B2
– estenosante
|
B2
– estenosante
|
|
B3
- penetrante
|
B3
– penetrante
|
|
P
– doença perianal
|
Retocolite ulcerativa (RCU)
Classificação
de Montreal para a localização da retocolite ulcerativa
Extensão
|
Anatomia
|
E1
– Proctite ulcerativa
|
Acometimentolimitado
ao reto (extensão da inflamação até a porção distal da junção retossigmóide)
|
E2
– RCU do lado esquerdo
|
O
acometimento da inflamação se estende até a flexura esplênica
|
E3
– RCU extensa
|
O
acometimento se estende além da flexura esplênica
|
Classificação
de Montreal para o grau de atividade da retocolite ulcerativa
Severidade
|
Definição
|
S0
– remissão clínica
|
Assintomático
|
S1
– RCU leve
|
4
ou mais evacuações∕dia (com ou sem sangue), ausência de comprometimento
sistêmico e provas de atividade inflamatórias normais
|
S2
– RCU moderada
|
Mais
de 4 evacuações∕dia, mas com mínimos sinais de toxicidade sistêmica
|
S3
– RCU intensa
|
Mais
de 6 evacuações com sangue∕dia, frequência cardíaca 90 bpm, temperatura corporal ≥ 37,5ºC,
hemoglobina < 10,5 g∕100mL e VHS ≥ 30 mm∕h.
|
Mas qual a importância disso, afinal?
Os estudos vem mostrando que
há diferenças prognósticas claras nos subgrupos de doentes definidos pela
classificação de Montreal. Em relação à doença de Crohn, a estratificação dos
pacientes quanto à idade de diagnóstico da doença, assim como à localização,
pode ser útil na predição do curso em termos de necessidade de corticoterapia,
imunossupressão e∕ou cirurgias.
Sendo assim, no futuro, a
classificação da doença por padrão fenotípico poderá eventualmente vir a ser
aplicada após mais estudos na predição da história natural da doença.
Na série sobre as possíveis causas
da doença inflamatória intestinal falamos sobre os fatores imunológicos e os fatores genéticos. Durante
vários trechos desses artigos podemos observar que a tendência do tratamento das
doenças inflamatórias intestinais é que ele seja cada vez mais individualizado.
É possível que cada pessoa tenha causas específicas diferentes de outra pessoa
e também cada subgrupo da doença tem uma progressão específica. Quando os
cientistas fizerem mais descobertas em relação a isso, acreditamos que os
tratamentos serão revolucionados! Eles ficarão mais específicos para cada caso
e, dessa forma, com chances de sucesso muito maiores. Muitas descobertas já
foram feitas, novos medicamentos estão surgindo, então vamos continuar na
torcida e com esperança sempre!
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