Analgésicos e anti-inflamatórios na doença de Crohn e colite ulcerativa
Muita dúvida surge quanto ao uso de analgésicos
anti-inflamatórios quando se tem doença inflamatória intestinal. Por isso vamos
explicar o que são esses medicamentos e porque muitos médicos não recomendam o
uso dos mesmos quando se tem doença de Crohn ou colite ulcerativa.
No geral, o tipo de analgésicos que você deve ficar
mais preocupado é o que é anti-inflamatório também. Isso porque já foi
constatado que a doença entra em atividade em algumas pessoas que fazem uso
desses medicamentos.
Analgesia significa diminuição da dor. Hoje em dia há
basicamente 3 tipos de analgésicos no mercado:
Os analgésicos anti-inflamatórios não esteróides ou
AINEs – como aspirina, ibupofreno, diclofenaco de sódio, etc..
Os analgésicos não esteróides que não têm propriedade
anti-inflamatória – como paracetamol, dipirona sódica, etc..
Os analgésicos opióides – como a codeína e a a
morfina.
Esses medicamenos apresentam propriedades como analgesia
(diminuição da dor), antipirético (diminuição da febre) e anti-inflamatória. O
problema no uso deles é como eles atuam a nível celular para se chegar a
analgesia, que é o que queremos.
AINEs – analgésicos anti-inflamatórios não esteróides na doença de Crohn e Colite Ulcerativa
Basicamente, esses são os medicamentos que você tem
que tomar cuidado. Ainda é um assunto controverso no qual nem todos os médicos
estão de acordo porque depende muito da dose que você toma e de quanto tempo
você tomará esses medicamentos.
O certo é que durante crises você deve evitá-los a
qualquer custo pois, como explicaremos abaixo, eles bloqueiam algumas enzimas
que atuam na proteção da mucosa gástrica fazendo com que a parede intestinal
fique susceptível a mais irritações.
Quando se toma esses medicamentos o modo de ação deles é
bloquear a síntese (fabricação) de protaglandinas, que são intermediadores da
dor / inflamação. Eles fazem isso interferindo com o ácido araquidônico que é o
precursor para as enzimas COX-1 e COX-2. Essas enzimas produzem vários
intermediadores no processo inflamatório como as prostaglandinas e os
leucotrienos.
O problema é que ao bloquear COX-1 perde-se também a síntese de
prostaglandinas que atuam na proteção da mucosa gástrica (parede estomacal/intestinal)
fazendo com que a mesma fique susceptível às protaglandinas sintetizadas pela COX-2 que
são as intermediárias no processo inflamatório.
Talvez você já tenha ouvido que a aspirina cause úlcera
ou algo parecido. Isso acontece, de forma resumida, através do processo
descrito acima.
Os AINEs tem sua ação a nível celular, e não atuam a
nível cerebral. Possuem interações medicamentosas com vários outros
remédios, como por exemplo diuréticos, devido a diminuição na atividade renal.
Por conta disso os AINEs são contraindicados em quem
tem:
- Úlcera Gástrica
- Doença Inflamatória Intestinal
- Hemorragias, problemas de coagulação
- Alergia a aspirina ou a AINEs
- Combinação de asma severa, pólipo nasal e rinite induzida por alergia.
- Doença Renal
- Grávidas
- Crianças – principalmente se têm alguma infecção viral
- Idosos – caso use reduza a dose e frequência
- Uso de alguns outros medicamentos como anticoagulantes, methotrexato, Cyclosporina, Corticóides, etc..
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Existe um medicamento que não bloqueie a COX-1 então?
Sim. Foi então que eles criaram um
medicamento que bloquearia somente a enzima COX-2, responsável pela inflamação.
Era para ter sido a “salvação” para quem tem problemas estomacais/intestinais.
Esse medicamento é o Celecoxib (Celebra), só que depois que foi lançado percebeu-se um efeito colateral sério devido a ação desse medicamento e vários deles foram retirados do mercado em vários países, Brasil e Portugal inclusive. O problema foi que resolveu-se a parte
da proteção da mucosa mas os pacientes passaram a desenvolver problemas cardíacos.
Pelo fato de predispor pacientes a problemas cardíacos Celebra é totalmente contraindicado em pacientes que tenham alguma história
de doença do coração, ou que tenha alguma pré disposição como por exemplo casos
na família de algum tipo de "problema de coração".
Esse medicamento só pode ser vendido com receita médica. Não se
auto medique, converse com o seu médico sobre a possibilidade ou não de usar
esse medicamento.
Analgésicos não esteróides que não têm propriedade anti-inflamatória e que podem ser usados na doença de Crohn e colite ulcerativa.
Nesse grupo encontram-se os
medicamentos que você pode usar mesmo quando está em crise. Porém, moderação é
a palavra de ordem. Apesar deles não atacarem a mucosa gástrica em doses altas
ou o uso prolongados dos mesmos evidenciou-se prejudicial ao fígado e aos rins.
Doses altas como 10-15g são
tóxicas ao fígado e entre 20-25g pode causar necrose (morte) do fígado.
Não use esses analgésicos se você
tem algum problema hepático (do fígado) como cirrose por exemplo.
No caso de doença inflamatória
intestinal é seguro fazer uso desses remédios porque eles têm baixa
afinidade para as enzimas COX-1 e COX-2. Ao invés disso eles bloqueiam uma
outra enzima COX-3 ou COX-1A a nível do sistema nervoso central.
Os analgésicos opióides
Esses medicamentos são altamente viciantes e é
necessário receita médica para comprá-los. Eles agem aumentando o limite da
dor. Eles podem ser usados pelos portadores da doença inflamatória intestinal,
mas pode causar náusea e ânsia em algumas pessoas.
Geralmente são misturados com algum AINEs ou com
paracetamol /tylenol sendo o mais usado o tylenol com codeína.
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