Fatores imunológicos
Estamos fazendo uma série
dos possíveis fatores que podem causar as doenças inflamatórias intestinais. Já
falamos sobre fatores genéticos,
fatores ambientais,
fatores microbianos e
finalizaremos com os fatores imunológicos. Recomendamos que vocês leiam um
outro post que fizemos sobre sistema imunológico para que a leitura torne-se
mais rica e compreensível. Esse post pode ser encontrado aqui.
Diante disso tudo já sabemos
que não existe apenas uma causa isolada para a doença inflamatória intestinal,
porém a resposta imunológica é o braço efetivo que medeia a inflamação. Para tornar
a leitura melhor, vamos dividir em duas sessões: imunidade inata e imunidade
adaptativa.
Imunidade inata
É a primeira linha de defesa
contra micróbios invasores e outros agentes nocivos. Atualmente a resposta
imunológica inata à microbiota intestinal é considerada o evento central na
causa da doença inflamatória intestinal. Dois tipos principais de células
imunológicas medeiam a imunidade inata: macrófagos e células dendríticas.
No intestino normal, os
macrófagos são condicionados a expressar um fenótipo não inflamatório. Nos tecidos
afetados pela doença inflamatória intestinal ocorre o contrário: os macrófagos
mostram um fenótipo inflamatório. Os macrófagos indiretamente são aparelhados
para a produção de diversas citocinas pró-inflamatórias, como IL1-α, IL1-β e
TNF-α.
Na doença de Crohn, esses
macrófagos pró inflamatórios encontram-se em número aumentado e produzem mais
IL-23 e TNF-α do que aqueles na mucosa normal ou com retocolite ulcerativa. Estudos
recentes realizados em apoio à teoria de que a doença de Crohn constitui uma
imunodeficiência afirmam que a secreção de citocinas pró-inflamatórias pelos
macrófagos na doença de Crohn torna-se gravemente prejudicada pela degradação interna
excessiva de lisossomos. Isso resultaria no recrutamento diminuído de
neutrófilos, prejudicando o clearance de bactérias e a formação de granulomas.
As células dendríticas
intestinais são as células apresentadoras de antígenos envolvidas no
desencadeamento e na regulação do fenômeno de resposta imunológica local, mas também
apresentam um papel na imunidade adaptativa. Assim como os macrófagos, sua
função é modulada pelo microambiente mucoso e elas podem fornecer proteção e
defesa, induzir tolerância ou mediar inflamação. Nas doenças inflamatórias
intestinais, as células dendríticas são ativadas, sua expressão de receptores
microbianos é mais alta e elas produzem níveis elevados de citocinas
pró-inflamatórias como IL-12 e IL-6.
Imunidade adaptativa
A imunidade adaptativa
representa a segunda linha de defesa contra micróbios invasores e uma vasta
gama de outros antígenos. Diferentemente da imunidade inata, apresenta memória
imunológica. É mediada por dois tipos celulares: células B (imunidade humoral)
e células T (imunidade celular).
A produção de anticorpos
mediada por células B na doença inflamatória intestinal ativa é aumentada tanto
em níveis séricos como na mucosa. O padrão de produção de classes de anticorpos
difere na retocolite ulcerativa e na doença de Crohn, particularmente em
relação à produção de IgG: na retocolite ulcerativa observa-se um aumento
desproporcional da secreção de IgG1, enquanto na doença de Crohn os níveis de
IgG1, IgG2 e IgG3 mostram-se aumentados em comparação a células-controle, mas
de forma proporcional. No entanto, hoje em dia pouco interesse tem sido dado à
imunidade por células B na doença inflamatória intestinal, mas pode haver
interesse novamente caso algum dos agentes biológicos específicos da depleção
de linfócitos B, como o rituximabe, venha a ser eficaz no tratamento da doença
de Crohn ou na retocolite ulcerativa, o que até agora não foi o caso.
As células T e as células
T-helper (Th) CD4+ da mucosa, em particular, foram colocadas como palco central
da patogênese da doença inflamatória intestinal por muitos anos e seu estudo
produziu informações cruciais sobre a imunidade celular tanto na doença de
Crohn como na retocolite ulcerativa, além de ajudar a definir padrões distintos
de função imunorregulatória e efetiva e perfis de secreção de citocinas em cada
tipo da doença inflamatória intestinal. Há boas evidências de que a doença de
Crohn apresenta um componente Th1 dominante, além disso também há produção considerável
de IL-17 e de IL-21, eu regula a produção da IL-17.
Visto como um todo, tais
achados suportam a ideia geralmente aceita de que a doença de Crohn é uma
condição relacionada a células Th1. Ao contrário, a retocolite é considerada
uma resposta de Th2 atípica na observação da produção aumentada de IL-5 e IL-13.
Observa-se que a IL-13 induz citotoxicidade, apoptose e prejudica a função da
barreira da pele, eventos que podem explicar algumas características importantes
na patogênese da retocolite ulcerativa. Contudo, as células Th17 também estão presentes
na mucosa com retocolite, embora em menor número do que observado na doença de
Crohn.
O número de citocinas
produzidas por células Th nas duas formas de doenças inflamatórias intestinais não
se limita àqueles citados acima e muitos outros novos mediadores
imunorregulatórios e pró-inflamatórios solúveis provavelmente detêm papeis
importantes na imunopatogênese da doença de Crohn e na retocolite ulcerativa. Menos
informações estão disponíveis sobre as células Tregs na doença inflamatória
intestinal, mas a função ou número delas podem ser afetados na doença de Crohn
e na retocolite, o que talvez contribua para a manutenção da inflamação.
Tenho Retocolite e uma forte rinite, que como sabem, também é auto-imune e bastante aliviada também com corticóides. Minha rinite já ficou extremamente forte, enquanto a Retocolite ficava sem nenhum sintoma. Já peguei 2 amebas de uma só vez e a diarréia delas não foi tão forte nem sangrenta quanto a diarréia causada pelos alimentos perigosos para Retocolite. Conheci a mãe de um garoto de 5 anos com Retocolite grave, crises de 13 idas ao banheiro. Ela disse que no ano anterior, ele comeu muita besteira, quase todos os dias. Acho que a Retocolite e o Crohn ativam o sistema imunológico mais através dos alimentos.
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