Probióticos nas doenças inflamatórias intestinais
O
termo probiótico deriva do grego e significa “pró vida”. Existem diversas
definições, mas a atualmente aceita é que eles são microrganismos vivos que,
administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do
hospedeiro (Saad, 2006). Podem ser incluídos na preparação de uma ampla gama
de produtos, incluindo alimentos, medicamentos e suplementos alimentares.
Vários
microrganismos são usados como probióticos, entre ele bactérias ácido láticas,
bactérias não ácido láticas e leveduras. Porém as bactérias pertencentes aos
gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são as mais
frequentemente empregadas como suplementos probióticos. Podem ser
incluídos na preparação de uma ampla gama de produtos, incluindo alimentos,
medicamentos e suplementos alimentares. O fermento Saccharomyces cerevisiae e algumas espécies de E. coli e Bacillus também são utilizadas como probióticos.
Qual a diferença nas doenças inflamatórias intestinais?
Nas doenças inflamatórias
intestinais ocorre um desequilíbrio da microflora (microbiota) intestinal,
principalmente na doença de Crohn. Quando o indivíduo está saudável, existe um
padrão nessa população de bactérias e, nos portadores dessas doenças, há uma
quantidade reduzida, sobretudo de Bifidobacterium
e Lactobacillus, que tem ações
benéficas ao organismo. Isto explicaria porque as doenças inflamatórias
intestinais manifestam-se predominantemente no final do intestino delgado e
cólon, pois são os segmentos do tubo digestivo com maior quantidade de
bactérias.
Vamos citar e explicar cada
um dos efeitos benéficos que os probióticos podem não só para a inflamação
intestinal, como para a saúde em geral.
Efeitos dos probióticos
- Auxiliam
o processo da digestão – devido à ação no metabolismo de vários
carboidratos. Algumas espécies também secretam enzimas proteolíticas e
lipolíticas, auxiliando, respectivamente, na digestão das proteínas e
gorduras.
- Inibição
do crescimento de patógenos microbianos.
Um dos processos é através
da competição. Podemos entender da seguinte forma: as bactérias (boas e ruins)
utilizam alguns nutrientes do nosso intestino para sobreviverem. Se houverem
poucos nutrientes, elas “morrem de fome”. A intenção neste caso é fazer com que
as bactérias boas consumam os nutrientes para que as bactérias ruins
(patogênicas = causam doenças) morram por falta de alimento. Isso mantem a
flora bacteriana estável e evita a ação das bactérias patogênicas. Outro método
é através da mudança do pH para criar um ambiente desfavorável aos patógenos.
- Crescente
aumento das junções epiteliais e modificação da permeabilidade intestinal.
As junções epiteliais podem
ficar atrofiadas pelo próprio processo da doença e a permeabilidade intestinal
pode ficar alterada. Os probióticos ajudam a “corrigir” esses quadros.
- Estimulam
a imunidade. Isso se faz através da modulação da resposta imune do
epitélio intestinal e das células imunes da mucosa. Também ativam os
macrófagos.
- Secreção
de produtos antimicrobianos (também vão ajudar a eliminar as bactérias
patogênicas).
- Decomposição
de antígenos luminais patogênicos.
As bactérias patogênicas
também produzem substâncias patogênicas. Os probióticos auxiliarão a
decompô-los, eliminá-los.
- Resistência
à colonização – vão provocar mais dificuldades para bactérias patogênicas
se instalarem no intestino.
- Auxiliam
na hidrólise da lactose, o que é importante para os intolerantes a ela.
- Reduzem
os gazes e a azia por atuarem positivamente na mucosa intestinal.
- Sintetizam
vitaminas (principalmente do complexo B) e incrementam a absorção de
minerais.
- Ajudam
a reduzir o colesterol.
- Previnem
e tratam alergias alimentares. E sabemos que esses pacientes tem maior
tendência a desenvolver intolerâncias alimentares.
- Produzem
ácidos graxos de cadeia curta – são importantes para a saúde intestinal e
também inibem o crescimento das bactérias patogênicas. Mais a frente
faremos um tópico só sobre eles.
- Auxiliam
no processo de detoxificação e na redução do estresse hepático.
O que dizem os estudos?
Ainda são necessários muitos
estudos nessa área, pois enquanto alguns não mostram resultado algum, outros
mostram ótimos resultados tanto na melhora da fase ativa quanto na manutenção
da recidiva.
Uma tese de mestrado da
nutricionista Luciane Cristina Rosim Sundfeld Giordano com pacientes portadores
de doença inflamatória intestinal apresentada na UNICAMP investigou os efeitos
da modulação da mibrobiota intestinal em pacientes com suplementação oral de
probióticos e os achados foram animadores, mostrando redução na ocorrência de
diarreia e melhora do estado nutricional, inclusive com ganho de peso em
pacientes desnutridos.
Há a hipótese de que a
resposta inflamatória que ocorre no intestino, com envolvimento de outros
órgãos, seja desencadeada por alguma alteração na microbiota intestinal e que
sua modulação possa melhorar o curso da doença inflamatória intestinal.
Inclusive isso foi aventado pela referida nutricionista acima. A expectativa é
que o emprego de probióticos mostre-se útil e possa ser instituído como terapia
coadjuvante no tratamento com medicamentos.
Devemos ser criteriosos
quanto aos resultados e torcer para que mais descobertas nesse sentido sejam
feitas para nos beneficiar ainda mais.
Qual a diferença de probiótico para prebiótico?
A grosso modo podemos dizer
que os prebióticos são a comida dos probióticos. Por definição, prebióticos são
fibras não digeríveis que fermentam no intestino e estimulam o crescimento das
bactérias probióticas.
Além disso, os prebióticos
também diminuem a absorção intestinal das gorduras, do colesterol a aumentam a
absorção de minerais como cálcio, magnésio, ferro e zinco.
As fibras prebióticas mais
comuns são:
- Inulina,
que é encontrada em vegetais como cebola, alho, almeirão, chicória, trigo,
alho poró.
- Pectina,
que é encontrada em frutas cítricas (laranja, limão, lima, tangerina),
cenoura, soja, farelo de aveia, lentilha, feijão, ervilha.
- Frutoligossacarídeos
(FOS), que são polímeros de frutose. São produzidos enzimaticamente no
nosso organismo, mas também podem ser manipulados.
Onde encontrá-los?
As indústrias alimentícias e
farmacêuticas cada vez mais criam novos produtos com probióticos. Mas são mais
usados em leites e iogurtes fermentados, também chamados de lactobacilos.
Colocaremos abaixo uma tabela com várias indútrias e seus produtos.
Cepa probiótica
|
Marca
|
Fabricante
|
Bifidobacterium
animalis
|
Activia
|
Danone ∕ Dannon
|
Bifidobacterium
animalis
|
Chr. Hansen
|
|
Bifidobacterium
breve Yakult
|
Bifiene
|
Yakult
|
Bifidobacterium
infantis
|
Align
|
Procter & Gamble
|
Bifidobacterium
lactis
|
Howaru Bifidum
|
Danisco
|
Bifidobacterium
longum
|
Morinaga Milk Industry
|
|
Enterococcus
LAB SF68
|
Bioflorin
|
Cerbios-pharma
|
Escherichia
coli
|
Mutaflor
|
Ardeypharm
|
Lactobacillus
acidophilus LA-5
|
Chr. Hansen
|
|
Lactobacillus acidophilus NCFM
|
Danisco
|
|
Lactobacillus casei DN114
|
Actimel, DanActive
|
Danone ∕ Dannon
|
Lactobacillus casei CRL43
|
Chr. Hansen
|
|
Lactobacillus casei F19
|
Cultura
|
Arla Foods
|
Lactobacillus casei Shirota
|
Yakult
|
Yakult
|
Lactobacillus
johnsonii
|
LC1
|
Nestlé
|
Lactococcus
lactis
|
Normejerier
|
|
Lactobacillus
plantarum
|
GoodBelly, ProViva
|
NextFoods Probi
|
Lactobacillus
reuteri
|
L. reuteri, Protectis
|
BioGaia
|
Lactobacillus rhamnosus LGG
|
Vifit and others
|
Valio
|
Lactobacillus rhamnosus LB21
|
Verum
|
Norrmejerier
|
Lactobacillus salivarius
|
Verum
|
Norrmejerier
|
Saccharomyces cerevisiae
|
DiarSafe, Ultralev ure etc
|
Wren Laboratories, Biocodex etc
|
Misturas
|
||
Lactobacillus
acidophilus e L.
casei
|
Bio K+
|
Bio K+ International
|
Lactobacillus
rhamnosus e L.
reuteri
|
FemDophilus
|
Chr. Hansen
|
Streptococcus thermophilus,
Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp.
|
VSL#3
|
Sigma-Tau,
Pharmaceuticals, Inc.
|
Lactobacillus
acidophilus e Bifidobacterium
bifidum
|
||
Lactobacilus
helveticus e L.
rhamnosus
|
A´Biotica e outros
|
Institut Rosell
|
Bacillus
clausii
|
Enterogermina
|
Sanofi-Aventis
|
Para entrar no site das
empresas acima referidas e outras, clique no nome delas: BioGaia, Bio K+, Chr-Hansen, Cerbios Pharma, Danisco, Danone, DSM, Lallemand, Probi, Proctor & Gamble, Sanofi-Aventis, Valio, VSL Pharmaceuticals, Yakult.
Abaixo iremos ilustrar
alguns produtos que contem probióticos, mas queremos deixar claro que não estamos
fazendo propaganda de nenhuma empresa específica e nem indicando alguma marca
ou empresa. Nossa intenção é meramente ilustrativa e, como sempre reforçamos, o
uso de suplementos deve ser indicado pelo médico ou nutricionista, assim como
deve ser definido por eles a quantidade e o tipo ideais para você.
Que quantidade devo tomar?
A quantidade recomendada vai
variar de caso para caso, mas costumam ser doses pequenas. Não se pode abusar
desses produtos, senão faz mal pra saúde, descontrola a flora bacteriana etc.
Procure sua nutricionista para avaliar que quantidade você poderá ingerir por
dia.
É importante lembrar também
que o uso dos probióticos deve ser contínuo para assegurar a manutenção dos
seus efeitos benéficos.
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