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Gravidez e Doença Inflamatória Intestinal



As doenças inflamatórias intestinais (DII) manifestam-se predominantemente entre a 2ª e a 4ª década de vida, coincidindo com o período reprodutivo de homens e mulheres em idade adulta. Estima-se que cerca de 25% das doentes tem filhos após o diagnóstico de DII, razão pela qual manter o controle adequado da doença é fundamental tanto para a saúde materna quanto para a do bebê. Por isso, é muito comum que uma mulher com doença de Crohn ou colite ulcerativa seja tomada por dúvidas em relação ao tratamento da doença ao descobrir que está grávida.  Em geral, há receio em relação ao desenvolvimento da gravidez, formação do feto, amamentação, uso de medicamentos e parto. 

Com base em diversos artigos escritos sobre o tema, buscamos esclarecer algumas das principais dúvidas apresentadas pelas pacientes que buscam orientação médica:


Posso engravidar?



Essa é a primeira e mais angustiante de todas as dúvidas. As pacientes com DII anteriormente submetidas a intervenções cirúrgicas que possuem cicatrizes ou estomas costumam apresentar relativa insegurança quanto a própria imagem corporal e sexualidade, o que afeta diretamente sua vida afetiva e relações sexuais. Há ainda casos em que as pacientes, por acreditarem que as doenças inflamatórias intestinais são sinônimo de infertilidade, deixam de adotar métodos contraceptivos. Por isso, é muito importante saber que uma coisa não tem nada a ver com a outra e que, a priori, as pacientes com DII podem engravidar como qualquer outra mulher em idade fértil.

Também é bom ressaltar que, apesar de ser considerada uma gravidez de alto risco, a taxa de complicações observadas na gestação de uma paciente portadora de doença de Crohn ou colite ulcerativa que estejam sob controle, não difere muito da população em geral. 

Já as taxas de infertilidade são muito semelhantes se comparadas à população feminina que não sofre da doença, variando de 5 a 14%. No entanto, em algumas situações especiais, como nas pacientes portadoras de colite ulcerativa submetidas à anastomose com confecção de bolsa íleo-anal, pode haver aumento da infertilidade decorrente de aderências e outros danos aos órgãos reprodutores

De qualquer forma, para que a gestação da paciente portadora de DII ocorra de forma segura, é necessário um acompanhamento cuidadoso tanto do obstetra quanto do gastroenterologista. O ideal é que a futura mamãe esteja em remissão da doença desde o momento da concepção. Caso contrário, a atividade da doença pode persistir ou se agravar no decorrer da gestação.


Posso continuar com os medicamentos na gravidez?



Os principais fatores de riscos para a gestação de uma paciente com DII é a presença de atividade inflamatória durante a concepção e seu agravamento durante a gravidez. Como consequência desta ativação, há maior associação de taxa de abortos espontâneos, partos prematuros, recém-nascidos de baixo peso ou pequenos para idade gestacional, além do aumento da demanda de cesarianas durante o parto. A atividade inflamatória deve, portanto, ser combatida.



É muito comum que as mulheres com DII que desejam engravidar ou que já se encontram grávidas suspendam o uso de medicamentos para controle da doença por conta própria (sem qualquer consulta ao gastroenterologista) com medo dos efeitos adversos no desenvolvimento fetal. Essa prática pode estimular a atividade da doença trazendo graves riscos à mãe e ao bebê.

De modo geral, o tratamento das pacientes portadoras de DII deve seguir as mesmas premissas das não grávidas. A maioria dos medicamentos utilizados para controlar a doença de Crohn e a colite ulcerativa são relativamente seguros para a gestante e para o feto, não havendo necessidade de suspensão. 

Alguns medicamento devem ser evitados como por exemplo Ciprofloxino, Thalidomida (deve ser parada no mínimo três meses antes de ficar grávida), Methotrexato (deve ser parada no mínimo três meses antes de ficar grávida), e Diphenoxylato.

Sulfasalazina - Caso você tome sulfasalazina não esqueça de tomar ácido fólico (válido para todas que queiram engravidar). O ácido fólico é muito importante para o desenvolvimento do cérebro e da medula espinhal. A sulfa bloqueia a absorção do ácido fólico. Aviso para os homens - Conversem com o seu médico sobre a tentativa de engravidar caso esteja tomando sulfasalazina.


Posso fazer parto normal ou devo recorrer a uma cesariana?



A escolha da via de parto mais adequada para as mulheres portadoras de DII é semelhante a escolha das gestantes que não possuem a doença, variando de acordo com a indicação obstétrica. A exceção ocorre nas pacientes que apresentam doença perianal em atividade, em que a episiotomia durante o parto vaginal poderá resultar numa piora das lesões pré existentes.

Também há dúvidas em relação ao parto das pacientes portadoras de colite ulcerativa submetidas previamente a colectomia total e confecção de bolsa íleo-anal. A preocupação não se refere à lesão da bolsa em si, mas sim com o comprometimento do esfíncter anal, que ao longo dos anos poderá resultar num quadro de incontinência fecal.

De todo modo, o melhor a fazer é conversar com o obstetra e com o gastroenterologista durante o pré-natal para avaliar as condições da mãe e do bebê. E lembre-se: segundo o Ministério da Saúde, o parto normal é o mais aconselhado e seguro, devendo ser disponibilizados pelo sistema de saúde todos os recursos para que ele aconteça.


Posso amamentar normalmente mesmo tomando os medicamentos?



A amamentação é outro motivo de preocupação das gestantes que sofrem com doenças inflamatórias intestinais. Excluindo o já citado metotrexate, que não deve ser usado sob hipótese alguma durante a gravidez, a ciclosporina e o uso de metronidazol por período prolongado, o aleitamento pode ser mantido normalmente, respeitando algumas vezes, o intervalo entre a sua administração e a amamentação. Pelo fato das drogas envolvidas no tratamento das DII serem utilizadas há pouco tempo, faltam informações mais confiáveis sobre o uso seguro durante a amamentação. Por enquanto, a literatura médica tem apontado a maior parte dos medicamentos como razoavelmente seguros para a mãe e para o bebê.


A doença afetará o nascimento ou a saúde do meu filho?



Se forem tomados os cuidados necessários (acompanhamento médico, suspensão de medicamentos que podem afetar o feto e todos as medidas recomendadas para uma gravidez comum e saudável), o nascimento da criança se dará sem maiores problemas. Em relação a hereditariedade da doença, sabe-se que a história familiar é o fator mais forte para o desenvolvimento de uma DII. Se um dos pais sofre de crohn ou colite ulcerativa, a probabilidade da descendência desenvolver DII está aumentada de 2 a 13 vezes se comparado à população em geral.

1 comentários:

  1. Muito se fala sobre a gravidez em si. No caso de homens portadores de doença de crohn, dispomos de muito poucas informações sobre os riscos dos medicamentos. Possuem algum texto ou estudo referente a isso?

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