Diverticulite e diverticulose
Vamos começar explicando o
que são os divertículos antes de entender o que é a doença diverticular, que é
uma patologia que acomete o cólon (intestino grosso). Os divertículos são
pequenas dilatações saculares (em forma de “saco”) ou bolsas formadas pela
exteriorização ou herniação da mucosa e da serosa do cólon. Essa protusão
ocorre em áreas de fragilidade da parede intestinal, podem ser únicos ou estar
presentes em elevado número, tipicamente medem de 5 a 10 mm.
A presença do divertículo é
designada como doença diverticular e consiste de:
Diverticulose (presença de divertículos no cólon;
Diverticulite (inflamação dos divertículos);
Sangramento diverticular.
Diverticulose (presença de divertículos no cólon;
Diverticulite (inflamação dos divertículos);
Sangramento diverticular.
Em muitos casos a presença
de divertículos é conhecida por acaso, por não estar associada a qualquer
sintoma. Essa situação é designada por diverticulose. Os sintomas surgem quando
a diverticulose complica e as possíveis complicações incluem a inflamação dos
divertículos (diverticulite) hemorragia e perfuração intestinal. Em 75% dos
casos a doença diverticular não apresenta complicações, mas em 25% deles pode
ocorrer fístula, abscesso, peritonite, obstrução ou sepse.
A doença diverticular é
frequente em pessoas mais velhas. Até os 50 anos é mais comum em homens e, após
os 70 anos, mais comum em mulheres. Parece inferior a 10% para a população com
menos de 40 anos, atinge um terço da população acima dos 45 anos e está
estimada entre 50 e 66% para os indivíduos com mais de 80 anos, podendo atingir
até 80% dessa população idosa. Nos pacientes com menos de 40 anos a principal
causa é a obesidade.
Causas da diverticulite
Existem várias causas e é
difícil encontrar um único fator que justifique satisfatoriamente a patogênese.
- Falta
de fibras na alimentação
A teoria atual sobre a fibra
alimentar como agente protetor contra formação de divertículos e,
consequentemente, de diverticulite é que fibras insolúveis causam a formação de
fezes mais volumosas, que levam a uma efetividade reduzida dos movimentos de
segmentação do cólon. O resultado disso é que a pressão intraluminal permanece
próxima à normal durante a peristalse do cólon.
A dieta rica em fibras pode
prevenir a formação de divertículos por dois mecanismos:
O cólon que trabalha com maior volume de
fezes tem diâmetro maior, segmenta menos e é menos propenso a criar bolsas de
alta pressão.
Quando o bolo fecal é rico em fibras, o trânsito no cólon é mais curto, o tempo de absorção de líquidos é, portanto, menor, o conteúdo fecal fica mais úmido, menos pegajoso e mais fácil de evoluir.
- Envelhecimento com perda da elasticidade da musculatura intestinal
- Aumento
da pressão no interior do cólon
Sintomas da diverticulite
Cerca de 80% dos casos são
assintomáticos e por isso mesmo costumam ser descobertos “por acaso”. Quando os
sintomas aparecem são queixas de desconforto abdominal, principalmente do lado
esquerdo, constipação intestinal (intestino preso) e alteração do hábito
intestinal. No caso de já ser diverticulite e ela agudizar os sintomas incluem
dor abdominal (também mais para o lado esquerdo), constipação intestinal ou diarreia,
sangue nas fezes, dificuldade para urinar, febre, náuseas, vômitos, fistulas e
sangramentos.
Diagnóstico
Ao exame físico, a dor à
palpação do quadrante inferior esquerdo é característica, frequentemente com
dor à descompressão brusca localizada. Como os sintomas da diverticulite são muito
parecidos com o de outras doenças é imprescindível que se faça o diagnóstico
diferencial.
O diagnóstico diferencial da
diverticulite aguda é amplo. A apendicite aguda é a hipótese diagnóstica
errônea mais frequentemente levantada. No nosso caso também deve-se tomar
cuidado porque os sintomas podem ser confundidos com a atividade da doença de
Crohn ou a retocolite ulcerativa. Outro diagnóstico diferencial importante é o
câncer de cólon.
O diagnóstico da diverticulite
aguda deve ser, portanto, realizado a partir de anamnese e exame físico bem
conduzidos. Exames de imagem também devem ser realizados, como a tomografia
computadorizada. Enema opaco e colonoscopia só devem ser feitos
criteriosamente, pois pode haver risco de perfuração do divertículo.
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Tratamento da divertivulite
O tratamento da
diverticulite aguda não complicada é inicialmente clínico, por meio de jejum ou
dieta líquida sem resíduos associado a antibióticos de largo espectro.
Pacientes com sintomas leves, sem febre e queda do estado geral, com trânsito
normal e capaz de alimentar-se podem ser tratados sem hospitalização.
Se não houver resposta do
tratamento clínico ou se o paciente está tendo crises recorrentes e
complicações (fístulas, abscessos, obstrução) a cirurgia pode ser indicada.
Para o tratamento cirúrgico eletivo, a cirurgia de escolha é a sigmoidectomia
ou colectomia esquerda com anastomose anorretal. A cirurgia pode ser por
videolaparoscopia.
Orientações Nutricionais para quem sofre de diveriticulite
Já ouvimos falar que quem
tem doença diverticular não deve comer sementes e excesso de fibras. Isso é
para evitar que partículas de alimentos se acumulem nas bolsas evitando, assim,
a contaminação por bactérias. No entanto, as próprias fezes podem se acumular
nessas bolsas e causar a inflamação do divertículo. Mas se elas estiverem com a
consistência mais pastosa isso fica mais difícil de acontecer. As orientações
que daremos aqui tem o objetivo de evitar essa inflamação dos divertículos.
ü Faça as refeições de
3 em 3 horas;
ü Beba, no mínimo, 2 litros de água por dia;
ü Dê preferências às
carnes magras: peixe magro (badejo, namorado), peito de frango sem pele e carne
bovina magra (coxão duro e patinho);
ü Utilize temperos
naturais, como alho, orégano, salsa, cebolinha, coentro, hortelã etc;
ü Inclua os cereais na
sua dieta: milho, gérmen de trigo, arroz integral, aveia em flocos, pão
integral e farelo de trigo;
ü Evite as sementes dos
alimentos (pães e biscoitos com gergelim, quiabo, tomate, goiaba, abobrinha,
pepino, uva, kiwi, berinjela, abobrinha, jiló, maracujá, vagem, melancia);
ü Evite os alimentos
gordurosos, como: leite/iogurte integrais, creme de leite, queijo prato,
parmesão, manteiga, algumas margarinas, frituras, biscoitos recheados, temperos
prontos (cubo ou em pó), linguiça, mortadela, salame, maionese etc.
ü Evite os alimentos
flatulentos (formadores de gases): brócolis, couve-flor, cebola,
couve-de-bruxelas, feijão, lentilha, pepino, repolho, pimentão, abacate,
melancia, melão e uva.
ü Evite açúcar e doces
concentrados.
ü Nos casos agudos,
procure ingerir uma dieta com pouco resíduo (alimentos sem casca, de
preferência batidos e coados) para reduzir o volume das fezes.
ü Importante: durante o
período agudo (inflamação = diverticulite) evite os alimentos ricos em fibras e
prefira uma dieta com poucos resíduos. Quando a crise passar, aumente o consumo
de fibras aos poucos.
Depois do período agudo (ou de
inflamação), aumente, aos poucos, o consumo de alimentos ricos em fibras
(integrais e frutas, legumes e verduras cruas). Para saber mais sobre a dieta
pobre em resíduos, leia nosso post sobre esse assunto.
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