Manifestações
hepáticas na doença inflamatória intestinal
Dentre as manifestações extra intestinais das doenças inflamatórias intestinais, as alterações
hepatobiliares estão entre as mais comuns. Nesse site já abordamos outras dessas
manifestações, como: alterações pancreáticas, alterações renais, artrite e manifestações orais.
Estão entre as mais comuns
manifestações hepatobiliares a colangite esclerosante primária, a hepatite
medicamentosa, a doença hepática gordurosa não alcoólica e a litíase biliar. Alterações
das enzimas hepáticas são observadas em até um terço dos portadores de doenças
inflamatórias intestinais, porém a hepatite crônica é diagnosticada em somente
6% dos pacientes, na maioria das vezes com colangite esclerosante.
Litíase biliar, hepatite
granulomatosa, abcesso hepático, trombose de veia porta e amiloidose hepática são
mais frequentemente observados na doença de Crohn, enquanto colangite
esclerosante primária, hepatite autoimune e síndrome de overlap autoimune são mais prevalentes na retocolite ulcerativa.
O quadro seguinte é de
autoria do Grupo de Estudo das Doenças Inflamatórias Intestinais do Brasil (GEDIIB) e mostra o grau de
associação estimado entre as manifestações hepatobiliares e retocolite
ulcerativa e doença de Crohn. O símbolo “++” significa muito comum, o “+” comum
e o “-“ sem associação.
Manifestação
|
Retocolite ulcerativa
|
Doença de Crohn
|
Manifestação hepatobiliar
|
++
|
+
(colônica ou ileocolônica)
|
Colangite esclerosante
primária (CEP)
|
++
|
+
|
CEP de pequenos ductos
|
++
|
+
|
Colangiocarcinoma
|
++
|
+
|
Sobreposição CEP ∕ Hepatite autoimune
|
++
|
+
|
Colangite associada a IgC4
|
++
|
+
|
Litíase biliar
|
+
|
++
|
Trombose de veia porta
|
-
|
++
|
Abscesso hepático
|
-
|
++
|
Doença hepática gordura não
alcoólica
|
++
|
++
|
Amiloidose hepática
|
-
|
++
|
Hepatite granulomatosa
|
-
|
++
|
Cirrose biliar primária
|
++
|
+
|
Em virtude da complexidade
de cada uma vamos abordar uma manifestação hepática de cada vez. Vamos começar
pela mais comum e que também pode assumir um nível de gravidade considerável, a
colangite esclerosante primária.
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Colangite esclerosante primária – definição e estatística
É uma hepatopatia
colestática crônica de causa autoimune, caracterizada por inflamação e fibrose
dos ductos biliares intra e extra hepáticos, apresentando curso clínico variável
e progressão lenta para cirrose hepática. Acomete o adulto jovem e de meia
idade, principalmente nos homens (proporção 2:1) e é observada em 2 a 7,5% dos
pacientes em retocolite e 3,4% dos portadores de doença de Crohn. Por outro lado,
avaliando os portadores da colangite esclerosante, observa-se a presença de
retocolite e doença de Crohn, respectivamente, em 60 a 80% e 13% dos casos.
Sintomas da colangite esclerosante primária e sua bioquímica
A manifestação inicia da
doença varia desde sintomas inespecíficos de fagida, astenia e perda de peso
até quadro mais característico de colestase com icterícia, colúria, alcolia
fecal e∕ou prurido ou colangite de repetição.
- Icterícia: a pele, as mucosas e a conjuntiva adquirem uma coloração amarelo-alaranjada. Isso acontece por causa do acúmulo de pigmentos biliares no organismo.
- Colúria: urina escura, com a cor parecida com café e pode apresentar espuma amarela.
- Alcolia fecal: são fezes de coloração clara.
- Perda de peso.
- Prurido: sensação de coceira na pele, mesmo sem lesão aparente. Costuma ser uma das complicações mais angustiantes.
Os pacientes geralmente
apresentam elevação preponderante de fosfatase alcalina (FA) e
gamaglutamiltranspeptidas (GGT). O nível de aminotransferases pode estar
aumentado, geralmente de 2 a 3 vezes o valor normal. Vários marcadores
imunológicos e anticorpos são observados, mas não existe um que seja
considerado padrão ouro. O marcador p-ANCA é o mais reconhecido e sua frequência
varia de 65% a 88% dos pacientes.
Diagnóstico da colangite esclerosante
O diagnóstico é geralmente
feito por métodos de imagem pode ser feito por colangiopancreatografia
retrógada endoscópica (CPRE) ou colangioressonância magnética (CPRM), sendo
esse último considerado o melhor por ser não invasivo. A biópsia hepática pode
auxiliar também, principalmente na suspeita de colangite em pequenos ductos.
Tratamento da colangite esclerosante
Não existe tratamento
satisfatório para a colangite esclerosante. O tratamento é voltado para o
controle dos sintomas e das complicações da colestase como prurido, fadiga, osteoporose
e deficiência das vitaminas hidrossolúveis. Deve-se ter alto índice de suspeita
clínica para ocorrência de colangiocarcinoma em pacientes com colangite
esclerosante primária e doença inflamatória intestinal, bem como de neoplasia
colorretal. Nesses casos recomenda-se rastreamento em períodos menores, através
de colonoscopias com biópsias a cada 1 a 2 anos. Tratamentos endoscópicos são recomendados
em pacientes com colangites de repetição e estenoses dominantes e também há o
transplante hepático reconhecido como único tratamento efetivo na presença de
prurido refratário, colangites agudas recorrentes, icterícia progressiva e insuficiência
hepática.
O ácido ursodesoxicólico
(AUDC) foi utilizado para tratamento da colangite esclerosante primária durante
muitos anos, com melhora bioquímica, mas não teve impacto na sobrevida da
doença. Dessa forma, seu emprego está contraindicado segundo a Sociedade
Americana para o Estudo de Doenças do Fígado (AASLD).
Qual a relação entre Colangitee doença inflamatória intestinal (DII)
Algumas hipóteses têm sido
aventadas para explicar o desenvolvido da colangite esclerosante primária nos
pacientes com doença inflamatória intestinal, sendo os principais:
· Mecanismos microbiológicos, pois o intestino
inflamado favorece a translocação bacteriana e absorção de endotoxinas.
· Positividade de alguns auto-anticorpos que
reforça o papel da imunidade na patogênese da doença, assim como a
concomitância de outras doenças autoimunes.
Muito interessante,esta matéria,as vezes sinto uma coceira estranha em algumas partes do corpo,mas não sei o que realmente a provoca,até que a gora não tenho sentido mais.É que além do Cronh,tenho fibromialgia e várias alterações na coluna.
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