Formas de Retocolite Ulcerativa


Como já dissemos, a retocolite ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal caracterizada pela inflamação difusa da mucosa e submucosa limitada à região do reto e do cólon. Ela é classificada de acordo com a extensão máxima da inflamação observada e pode ser dividida, de maneira geral, em distal e doença mais extensa.

A doença distal refere-se à inflamação da mucosa retal até 15 cm da linha denteada (proctite). Quando a inflamação compromete a mucosa até flexura esplênica e eventualmente até o cólon transverso distal é denominada retocolite ulcerativa do hemicólon esquerdo, ou quando a inflamação da mucosa se estende até o cólon transverso proximal e adiante, é denominada RCU extensa ou pancolite.



Classificação da Colite Ulcerativa


De acordo com a gravidade do surto agudo:

  • Leve: até 4 evacuações por dia, com ou sem sangue, sem comprometimento sistêmico e com VHS normal.
  • Moderada: 4 a 6 evacuações por dia, com sangue e com mínimo comprometimento sistêmico.
  • Grave: mais de 6 evacuações por dia, com sangue e com evidência de comprometimento sistêmico como febre, taquicardia, anemia e VHS acima de 30.

De acordo com a evolução clínica:

  • Aguda fulminante (mais de 10 evacuações por dia com sangue, febre, taquicardia, necessidade de transfusão sanguínea e provas de atividade inflamatória bastante alteradas, com ou sem megacólon tóxico ou perfuração).
  • Crônica contínua.
  • Crônica intermitente.

De acordo com a extensão da inflamação:

  • Retocolite distal.
  • Retocolite no hemicólon esquerdo.
  • Pancolite.

Quadro clínico


As manifestações clínicas da retocolite ulcerativa são variáveis e dependem da extensão das lesões, da intensidade e da gravidade da doença. Em geral, os sintomas mais frequentes são diarreia e sangramento nas fezes. As manifestações gerais que geralmente acompanham são febre, inapetência (falta de apetite), astenia, emagrecimento e anemia.

Retocolite ulcerativa distal


Representada pela proctite ou proctossigmoidite, geralmente são consideradas leves ou moderadas em relação à gravidade. Em geral, apresentam sangramento retal, aumento na frequência das evacuações, urgência evacuatória, presença de fezes com sangue e∕ou pus e tenesmo (sensação de estar constantemente com vontade de evacuar). O sangramento é vermelho vivo e ocorre na maioria das evacuações, mas a perda sanguínea é pequena e raramente o paciente vai apresentar anemia.

Em cerca de 1∕3 dos casos há história de constipação intestinal. É raro, mas o paciente também pode apresentar dor abdominal em cólica. Em razão do número elevado de evacuações o paciente pode apresentar deposições líquidas na pele perianal, provocando irritação dolorosa na região.


Retocolite ulcerativa no hemicólon esquerdo e Retocolite extensa


Os sintomas observados na doença comprometendo o hemicólon esquerdo ou todo o cólon representam, em geral, as formas moderadas ou graves da doença. As manifestações clínicas mais comuns são episódios de diarreia, sangramento retal, eliminação de muco, dor abdominal e perda de peso. O quadro clínico costuma ter início insidioso, com aumento no número de evacuações diárias, fezes pastosas ou líquidas que pode, em algumas semanas, evoluir para franca diarreia com sangue vivo, muco e pus misturados ou não nas fezes. O sangramento retal geralmente é vermelho escuro e pode haver coágulos. Pode ocorrer febre, astenia e anorexia.

A diarreia constitui um dos melhores indicadores da gravidade da doença. Grandes volumes indicam que a mucosa do cólon está comprometida e a reabsorção de sódio e água estão seriamente prejudicados. Diarreia noturna também é um indicador de gravidade. A diarreia pós prandial (logo depois que come) é um sintoma comum.

A dor abdominal é mais intensa do que na retocolite distal, porém é incomum na fase de remissão. A dor abdominal deve ser vista com cuidado pois pode sugerir complicações da doença, como obstrução ou suboclusão intestinal por estenoses, pólipos ou tumores. Os pacientes com retocolite grave podem apresentar-se anêmicos e dispneicos (falta de ar).


A colite fulminante é considerada a forma severa de retocolite e os pacientes apresentam grave comprometimento do estado geral, apresentando mais de dez evacuações por dia com sangue e pus, febre, dor abdominal e anemia com necessidade de transfusão sanguínea. Nessa forma podem surgir complicações sérias como estenoses, hemorragias maciças, megacólon tóxico, perfuração intestina e complicações sistêmicas. 

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