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Transplante fecal. Já ouviu falar?



Transplante de microbiota fecal é um tratamento efetivo para Clostridium Difficile e outras doenças.



O transplante da microbiota fecal (FMT) tem se mostrado um tratamento altamente eficaz para a recorrência da infecção com Clostridium difficile (C. difficile), e pesquisas sugerem que ele também pode desempenhar um papel no tratamento de outras doenças gastrointestinal (GI) e não-GI. O tema foi analisado na revisão do artigo, "An overview of fecalmicrobiota transplantation: techniques, indications, and outcomes", na edição de agosto de 2013 da GIE: Gastrointestinal Endoscopy. 

O transplante da microbiota fecal refere-se à infusão de uma suspensão da matéria fecal de um indivíduo saudável no trato intestinal de uma outra pessoa para curar uma doença específica. FMT tem recebido a atenção do público recentemente com a publicação de vários estudos que mostram que as fezes é uma mistrura biologicamente ativa repleta de organismos vivos com grande potencial terapêutico para tratar a infecção por Clostridium difficile e talvez outras doenças como colite. O C. difficile é uma bactéria reconhecida como o principal agente causador da colite (inflamação do cólon) e diarreia que pode ocorrer após a ingestão de antibióticos. A ruptura do equilíbrio normal da microbiota do cólon como uma consequência da utilização de antibióticos ou outras tensões podem resultar em infecção por C. difficile. Agora estima-se que 500 mil a 3 milhões de casos de C. difficile ocorre anualmente em hospitais norte-americanos.


Transplante fecal
De acordo com os autores Lawrence J. Brandt, MD e Olga C. Aroniadis, MD, Montefiore Medical Center, The Bronx, New York, o tratamento atual de primeira linha para a C. difficile inclui suspensão do antibiótico, se possível, e o tratamento com metronidazol, vancomicina, ou fidaxomicina, dependendo da severidade da doença. A maioria dos pacientes com C. difficile inicialmente responde a este tratamento, mas as taxas de recorrência são de 15 a 35%. Os pacientes que tem recorrência podem ter até 45% de chances de uma segunda recorrência, e depois de uma segunda repetição, até 65% dos pacientes terão uma terceira. As recorrências são geralmente tratadas com cursos adicionais de metronidazol, vancomicina ou vancomicina oral prolongada seguido por outros antibióticos, como a rifaximina. As altas taxas de recorrência de C. difficile gerou a necessidade de terapias alternativas, e FMT, segundo os autores, oferece uma abordagem racional e relativamente simples.

A revisão do artigo aborda a metodologia da FMT, incluindo a triagem do doador e do receptor, a seleção de doadores, como FMT é realizada e a segurança envolvida no procedimento. A maneira mais comum de fazer FMT é via colonoscopia, no entanto, também fezes doadas foram administradas através de um tubo nasogástrico, gastroduodenoscopia e enema. A maioria dos estudos tem relatado taxas de cura notáveis, sem efeitos adversos graves diretamente atribuíveis à FMT. O artigo observa que a literatura atual sobre FMT para C. difficile predominantemente compreende uma série de casos em um único centro, mais uma meta-análise, duas revisões sistemáticas, e um estudo randomizado e controlado recém-publicado. No total, 92%  dos pacientes foram curados da recorrência C. Difficile.



No único estudo a longo prazo de acompanhamento da FMT até o momento, que incluiu 5 centros médicos e 77 pacientes que tinham FMT, os pacientes experimentaram 91% de cura em um primeiro momento e 98% num segundo momento, este último definido como cura ativada através da utilização de antibióticos para o qual o paciente não tinham respondido antes da FMT, ou por um segundo FMT. Os pacientes incluídos no estudo tinham sintomas de uma média de 11 meses antes FMT, e a maioria (74%) relataram resolução da diarreia dentro de três dias. O FMT também tem sido utilizado com sucesso para tratar uma variedade de outras desordens gastrointestinais incluindo a doença inflamatória do intestino, síndrome do intestino irritável e prisão de ventre. Há uma crescente literatura sobre o microbioma intestinal alterado nessas e em outras doenças.

Leia o artigo original.

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