Mais uma complicação intestinal séria!
Ontem falamos do megacólontóxico e, continuando a série de “complicações intestinais”, neste post vamos tratar das perfurações intestinais, que é outra complicação que pode ocorrer nas doenças inflamatórias intestinais e, como o próprio nome já diz, é quando ocorre uma perfuração (tipo um furo, uma abertura) no intestino para dentro da barriga, local que chamamos de peritônio. No entanto é uma complicação rara, mas é considerada grave, além de ser uma das indicações para cirurgia.
Ontem falamos do megacólontóxico e, continuando a série de “complicações intestinais”, neste post vamos tratar das perfurações intestinais, que é outra complicação que pode ocorrer nas doenças inflamatórias intestinais e, como o próprio nome já diz, é quando ocorre uma perfuração (tipo um furo, uma abertura) no intestino para dentro da barriga, local que chamamos de peritônio. No entanto é uma complicação rara, mas é considerada grave, além de ser uma das indicações para cirurgia.
É grave porque imagine o
seguinte: o intestino está perfurado, então o conteúdo fecal que está dentro do
intestino pode vazar para dentro da barriga (ver foto abaixo), o que causa uma infecção seríssima
no corpo inteiro. Sem contar que pode causar outros problemas, como
complicações em outros órgãos, diminuição da absorção dos nutrientes e até
mesmo se só ar vazar do intestino pra barriga já pode ser muito sério.
Portanto, atente-se para os sintomas e procure o médico na presença de algum
(ns) dele (s).
Estatisticamente ocorre em
1% a 3% dos pacientes com doença inflamatória intestinal e pode ser como
primeira manifestação (antes mesmo de saber que você tem a doença) ou ocorrer
ao longo do tempo mesmo.
Diagnóstico da perfuração intestinal
O ideal é que seja feita a
tomografia computadorizada de abdômen quando houver suspeita de perfuração
intestinal. O raio X também pode ser feito, mas não é observado na maioria dos
casos, como quando ocorre pneumoperitôneo. Pneumoperitônio é a presença de ar
na cavidade abdominal (“dentro da barriga”) que acontece justamente por causa
da perfuração.
Perceba na figura
abaixo a diferença entre os dois lados da imagem como o lado direito está mais claro
que o esquerdo, ou seja, ele tem mais ar.
Para fechar o diagnóstico, além
da tomografia computadorizada também será verificado a presença de ar ou
contraste oral no lúmen intestinal. Esse contraste oral funciona da seguinte
forma: o médico vai pedir pra você ingerir um líquido “colorido” que vai manter
a cor dentro do organismo. Esse líquido vai caminhando pelo seu trato
digestório e dá pra acompanhado o trajeto, acompanhando mesmo onde o contraste
está indo. Se há perfuração no intestino, o contraste pode vazar por ali e ir
para dentro da barriga. Ou ele pode seguir o caminho normal e sair através do
ânus, o que talvez pode indicar que não há perfuração.
Porque acontece a perfuração intestinal?
Existem vários motivos: a
presença de espessamento da parede intestinal, áreas de estenoses, fístulas,
úlceras profundas e hipertrofia (aumento) do tecido mesenterial, além de outras.
Como é o tratamento da perfuração intestinal?
Essa resposta é muito ampla,
porque vai depender do caso de cada pessoa, mas normalmente há necessidade de
cirurgia para fazer ressecção da parte perfurada, ou seja, retirar a parte do
intestino que foi perfurada. Mas tudo vai depender da gravidade da perfuração,
da gravidade da doença, do estado do pacientes. E até mesmo os casos cirúrgicos
são diferentes: algumas pessoas terão que fazer cirurgia em caráter emergencial
e outras poderão planejar com um pouco mais de calma.
A foto abaixo vai ilustrar
um tipo de cirurgia chamada colectomia (porque ocorre no cólon). Está em
inglês, mas está fácil de compreender. Na primeira parte é o intestino normal, “inteiro”.
Na segunda, o trecho cinza é a parte do intestino que sofrerá ressecção, ou
seja, que será “cortada”, “retirada”. Por último, mostra a ligação da parte que
sobrou do cólon ao intestino delgado.
Há diferenças na perfuração intestinal na doença de Crohn e na Retocolite Ulcerativa.
Perfuração intestinal na Doença de Crohn:
O mecanismo da perfuração
livre para peritônio em doença de Cron ainda não é totalmente conhecido. Pode ser
devido à distensão abdominal causada por uma estenose, mas também acontece sem
haver essa dilatação∕distensão. A presença da inflamação dos vasos sanguíneos
pode levar a uma alteração isquêmica que resultará na perfuração também.
Na doença de Crohn a perfuração
intestinal pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal. Perfurações
no cólon pode ser por causa a colite e megacólon tóxico (falamos sobre ele
nesse post)
e também pela própria exacerbação da doença devido às estenoses e fístulas.
Outras causas são câncer colorretal perfurado, após colonoscopia, após o exame
de cápsula endoscópica, após o exame de colonografia por tomografia
computadorizada e após colocação de prótese em estenoses no cólon.
Na doença de Crohn a
perfuração pode ser localizada e bloqueada por estruturas e órgãos vizinhos,
formando até mesmo fístulas e verdadeiros tumores inflamatórios
Perfuração intestinal na Retocolite Ulcerativa:
Nesses pacientes a
perfuração ocorre em cerca de 2% dos casos e quase sempre está associado ao
megacólon tóxico e também à colite tóxica, mas é muito mais comum no primeiro
caso. Também pode ocorrer por perfuração após colonoscopia e por câncer colorretal
(associado à retocolite), mas nesse caso só quando o paciente para de tratar e
acompanhar com o médico mesmo.
Os pacientes tem que ficar
de olho em sintomas como distensão e dor abdominal e dor reflexa no ombro
associada à febre e taquicardia. Novamente relembramos o post sobre megacólon tóxico,
pois o diagnóstico da perfuração nos pacientes com retocolite ulcerativa pode
ser tardio pois algumas medicações podem mascarar os sintomas.
Importante!
Até um certo tempinho atrás
era comum realizar a cirurgia da perfuração por causa de retocolite e depois
descobrir que a doença na verdade era o Crohn. Por isso é de extrema
importância que o diagnóstico da doença inflamatória intestinal esteja bem
definido ainda antes da cirurgia, pois a conduta pode ser bem diferente.
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