Pâncreas x DII


As alterações pancreáticas nas doenças inflamatórias intestinais são incomuns, mas são importantes por causa da morbi-mortalidade. Nos testes laboratoriais, de 20% a 80% dos pacientes podem apresentar insuficiência pancreática exócrina, mas como dissemos, raramente costuma ser grave e trazer sintomas. A pancreatite aguda é rara e ocorre em 1% a 2% dos pacientes e a pancreatite crônica e insuficiência pancreática também são raras.



O que é o pâncreas?


O pâncreas é uma glândula e faz parte dos sistemas digestório e endócrino. Fica atrás do estômago e entre o duodeno e baço. Ele secreta o suco pancreático, que vai auxiliar na digestão e também secreta hormônios, como a insulina, o glucagon e a somatostatina.



Pancreatite nas doenças inflamatórias intestinais


Tanto a pancreatite crônica como a pancreatite aguda podem ocorrer como resultado da própria doença inflamatória intestinal ou secundária ao uso de medicamentos utilizados no tratamento. A pancreatite aguda ocorre mais frequentemente nos portadores de doenças inflamatórias intestinais do que na população geral e é mais comum na doença de Crohn.

Quais as causas?


  • Maior predisposição aos cálculos biliares,
  • Efeitos adversos das medicações,
  • Anormalidades na estrutura do duodeno,
  • Distúrbios imunológicos.
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A pancreatite aguda medicamentosa é a principal causa em pacientes e pode ser independente da doses. A mesalazina é mais comum de causar pancreatite aguda do que a sulfalazina. E, nesses casos, a maioria dos casos acontecem nas primeiras seis semanas do início do uso destes medicamentos e observa-se rápida melhora com a sua retirada.

A azatioprina, tiopurina e 6-mercaptopurina são os principais medicamentos que causam pancreatite aguda nos portadores de doenças inflamatórias intestinais. E pasmem: não se sabe porque, mas pacientes com doença de Crohn são mais susceptíveis (7 a 8 vezes mais) à pancreatite aguda causada por estes medicamentos quando comparado a outros grupos de pacientes expostos aos mesmos. Mas a pancreatite aguda causada por essas medicações é normalmente leve e responde rapidamente à sua suspensão.

Na maioria dos casos, quando a pancreatite aguda é causada por causa da medicação, esta tem que ser suspensa mesmo. Costuma não ser recomendado retirar a droga e depois reintroduzi-la, nem em doses menores.

É uma manifestação extra intestinal ou uma lesão à parte?


Pode ser ambos os casos. A incidência da pancreatite aguda idiopática (ou seja, de quando não se conhece a causa da pancreatite) nas doenças inflamatórias intestinais é maior do que o esperado, sugerindo que parte desses casos podem ser realmente uma manifestação extra intestinal destas doenças, desde que outras causas da pancreatite sejam excluídas.

Mas, como vimos acima, também existem outras causas para a pancreatite, inclusive o fator imunológico. Já foi observado, inclusive, que pessoas com pancreatite autoimune também foram diagnosticadas com alguma doença inflamatória intestinal.


Quais são os sintomas?


  • Dor abdominal muito intensa, quase sempre de início abrupto, na região superior do abdômen, que irradia para as costas
  • Náuseas,
  • Vômitos,
  •  Icterícia (pele mais amarelada, a parte branca dos olhos também fica amarelada).

Como é feito o diagnóstico?


Os sintomas da pancreatite aguda podem criar dificuldades na diferenciação com aqueles causados pela atividade da doença inflamatória intestinal ou por complicações como obstrução e perfuração intestinais. Além disso, até 15% dos pacientes podem ter os níveis séricos de amilase e∕ou lipase aumentados sem apresentar propriamente a pancreatite.

Sendo assim, o diagnóstico de pancreatite aguda nestes pacientes deve vir acompanhado de dor persistente na parte superior do abdômen, acompanhada de náuseas e vômitos e elevações nos níveis séricos de amilase e lipase acima de três vezes o limite superior de normalidade. A tomografia computadorizada pode ajudar a concluir o diagnóstico.

Como é feito o tratamento?


Na pancreatite leve são feitas medidas como analgésicos, reposição volêmica (com soro fisiológico ou ringer) e calórica e jejum oral (não pode comer nem beber nada). Pode ser necessário usar sonda nasogástrica, mas só se houver distensão abdominal significativa e vômitos em excesso. A reposição volêmica é o mais importante.
É necessário ficar sem alimentar-se por via oral para, pode-se dizer, dar um descanso para o pâncreas para que ele possa se recuperar. Dessa forma, a decisão do momento certo de reiniciar a alimentação oral é muito importante. Ausência de dor ou desconforto abdominal e de complicações podem auxiliar essa decisão que, é claro, será tomada pela equipe médica.
Além disso, deve-se identificar o que está causando a pancreatite aguda. Por exemplo, se for alguma medicação, o tratamento fundamental é a retirada dele. Se for por alguma pedrinha (litíase biliar), faz-se a cirurgia para retirá-la. Essa cirurgia é chamada de colecistectomia e é muito simples.

Já ouviu falar em colangite? Veja as manifestações hepáticas (do fígado) que podem vir junto com a doença inflamatória intestinal. http://www.crohnecolite.com.br/2013/09/colangite.html

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