Estenoses: Obstrução intestinal
A obstrução intestinal
representa uma complicação grave e uma emergência potencial na doença
inflamatória intestinal. Particularmente, a fibroestenose intestinal na doença
de Crohn é uma intercorrência frequente e debilitante, não só resultado em
obstrução do intestino, mas eventualmente, em repetidas ressecções intestinais
que podem gerar a síndrome do intestino curto.
Aproximadamente 75% dos
pacientes com doença de Crohn necessitarão de cirurgia em alguma etapa da vida
e, em metade desses casos, a causa é obstrução ou estenose intestinal. Pelo
menos 45% dos pacientes com doença de Crohn estenosante a obstrução pode ser
recorrente, ou seja, ocorrem suboclusões de repetição. Nos pacientes com
retocolite ulcerativa a estenose é extremamente incomum.
Dependendo do número e
extensão, as estenoses são classificas em únicas ou múltiplas, longas ou curtas
e também pode ocorrer em áreas virgens (nunca operadas) ou que já sofreram
intervenção. Podem evoluir com dilatação intestinal, que é facilmente visto em
exames como ressonância do abdome, trânsito intestinal e tomografia. Podem ser
assintomáticas até certo ponto mas, em casos avançados, causam cólicas
abdominais recorrentes e até mesmo fistulizações secundárias para outros órgãos
ou pele.
Para rever os desenhos e
explicações destas complicações intestinais, visite nosso post sobre isso
clicando aqui.
Quais
são os sintomas?
O quadro de oclusão
intestinal é típico e varia de acordo com a localização da estenose. Nas
obstruções mais altas do intestino delgado podem estar presentes vômitos
recorrentes, sem distensão abdominal e aumento dos ruídos hidroaéreos.
Costuma-se regurgitar uma secreção (que algumas pessoas conhecem por “refluxo”)
que geralmente é de cor clara e biliosa. Ocorre também dor abdominal.
Nos quadros de obstrução
intestinal baixa, a distensão do abdome geralmente é mais evidente, os vômitos
são mais tardios e a secreção regurgitada é escura, de aspecto fecalóide (tipo
fezes mesmo). Esse tipo de obstrução é o mais comum na doença de Crohn. Também
pode ocorrer distúrbios hidroeletrolíticos como hipocalemia (pouca quantidade
de cálcio no sangue) e acidose metabólica em casos mais graves.
Se você apresentou sintomas
citados acima, procure seu médico pois se for caso de oclusão intestinal aguda
há necessidade de atendimento de urgência.
Como
é feito o diagnóstico?
É feito através de exame de
sangue (que vão mostrar um aumento da inflamação) e métodos de imagem.
Normalmente pede-se raio-X simples do abdômen, que pode evidenciar dilatação do
intestino próximo da área obstruída.
O melhor exame, entretanto, é a tomografia computadorizada de abdômen pois além de permitir uma visualização completa da parede intestinal ocluída, também pode evidenciar a presença ou não de atividade inflamatória através do uso do contraste.
A ressonância magnética é de
grande importância no diagnóstico e, principalmente, no acompanhamento da
doença, já que evita a irradiação excessiva em quem precisa fazer exames de
imagens várias vezes ao longo da vida.
Como
é feito o tratamento?
Existem três tipos de
tratamento: clínico, endoscópico e cirúrgico.
No tratamento clínico usa-se
medicamentos, desde que não haja abscessos ou sepse. Neste caso pode-se
utilizar a hidratação venosa (soro na veia) associada ao jejum, sondagem
nasogástrica (uma sondinha que é colocada no seu nariz e vai até o estômago ou
intestino) e corticoides venosos. Esse tipo de tratamento costuma beneficiar
estenoses inflamatórias, mas pode não ser tão eficaz nas estenosos fibróticas.
Com isso espera-se que haja redução do edema e diminuição da inflamação.
No tratamento endoscópico
existem várias técnicas. A mais comum é chamada de balão hidrostático, na qual
há passagem por dentro do endoscópio para causar dilatação. Essa dilatação está
indicada principalmente em estenoses curtas e sintomáticas.
Já o tratamento cirúrgico é
indicado quando nenhum dos anteriores foi capaz de resolver o problema e então
é necessário retirar a parte estenosada cirurgicamente. Cada caso é um caso e
os médicos avaliarão a melhor técnica cirúrgica e conversarão com você e sua
família sobre os procedimentos.
Para ver indicações cirúrgicas, leia nosso post sobre o assunto.
Queremos lembrar um outro
post que fizemos que vai auxiliar nesses casos também. Quando você já sabe que
tem estenose e está sentindo os desconfortos causados por ela, além de seguir o
tratamento recomendado pelo médico, é interessante modificar sua alimentação
para dar um “descanso” para o intestino se recuperar mais rápido. Isso pode ser
alcançado com uma dieta pobre em fibras e resíduos, que fará com que suas fezes
tenham um tamanho menor e, dessa forma, consigam passar pelo local estenosado
(desde que não haja oclusão total). Leia mais sobre isso aqui.
Fiquei chocado com esse probabilidade de ter uma obstrução em algum momento da vida, tenho crohn leve\moderado já operei para retirada de fistulas 2x sera que minha probabilidade de ter obstrução e maior ja que tive fistulas?
ReplyDeleteOlá Chris Nunes. Fique tranquilo, pois as fístulas não estão relacionadas ao aparecimento de estenoses (que causarão semi obstrução ou obstrução total do intestino). O fato de ter fístula não significa que você vai ter estenose.
Delete