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Alterações renais: lesão renal ou manifestações extra intestinais?


Como já aprendemos, ocorrem manifestações extra intestinais das doenças inflamatórias intestinais e não são raras. Já falamos sobre algumas, como artrite, manifestações oraisdistúrbios oftalmológicosmanifestações dermatológicas. Poucas pessoas sabem, mas os rins são outros órgãos que podem ser acometidos. O  comprometimento renal e urinário acontece em 4% a 23% dos pacientes portadores de doenças inflamatórias intestinais e tendem a se comportar como as demais manifestações extra intestinais.


Porque distúrbios renais acontecem?


Existem várias possíveis causas:

- A própria atividade da inflamação intestinal,

- Susceptibilidade genética,

- Reações autoimunes por compartilharem antígenos comuns,

- Consequência de distúrbios metabólicos, frutos de má absorção,

- Supercrescimento bacteriano,

- Síndrome do intestino curto (que acontece devido à ressecções intestinais repetidas).

Quais são os distúrbios renais mais comuns nas doenças inflamatórias intestinais?


Dentre as manifestações renais podemos citar a nefrolitíase, a amiloidose, a nefrite tubulointersticial e a glomerulonefrite.

As complicações renais incluem: nefrite tubulointersticial pelo medicamento 5-ASA, insuficiência renal pelo medicamento ciclosporina e glomerulonefrite e nefrite lúpica causada pelos medicamentos anti-TNFα.

Iremos abordar algumas delas especificamente.

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Nefrolitíase

A nefrolitíase é a mesma coisa que cálculo (pedra) nos rins e sua incidência é de 3 a 6 vezes maior nos portadores de doenças inflamatórias intestinais que na população geral e é mais alta na doença de Crohn que na retocolite ulcerativa. Essa ocorrência pode chegar a ser até 100 vezes maior em pacientes hospitalizados.

A maioria dos doentes com doença de Crohn e litíase urinária foram submetidos a cirurgias que, quanto mais extensas, maior o risco de formação de cálculos. Esses cálculos são formados de ácido úrico ou oxalato de cálcio e vários fatores contribuem para sua formação. A diarreia crônica ocasiona uma redução do pH urinário, com perda de substâncias alcalinas nas fezes e, em consequência, um grande aumento de ácido úrico na urina.

Um modo de aliviar ou até mesmo evitar esses cálculos de ácido úrico é aumentar a ingestão de líquidos e alcalinizar a urina, mas essa parte você tem que ver com seu médico. Mas se a excreção de ácido úrico na urina estiver aumentada será necessário diminuir as proteínas da alimentação (alimentos de origem animal, principalmente) e o emprego da medicação alupurinol.

Os cálculos de oxalato de cálcio estão relacionados à excreção aumentada de oxalato na urina causada pela elevada absorção pela mucosa intestinal que pode ser causado por: má absorção de ácidos biliares no íleo terminal inflamado ou ressecado, que faz com que haja uma queda na absorção de gorduras que fixam o cálcio, gerando maior quantidade de oxalato livre e, ao mesmo tempo, existe uma permeabilidade aumentada da mucosa para a absorção do cálcio. Outras causas incluem a colonização por Oxalobacter formigens e a ocorrência de queda de fatores anti-litogênicos na urina, como o citrato de magnésio.

A forma de reduzir o risco de nefrolitíase em pacientes com doença inflamatória intestinal é a ingestão abundante de água e uma dieta com baixo teor de oxalato e de gorduras ou a substituição delas pelos triglicerídeos de cadeia média (TCM), além de possíveis benefícios ocasionados pelo uso do medicamento colestiramina e piridoxina.





Amiloidose


A amiloidose secundária é caracterizada pela deposição extracelular de proteína amilóide, neste caso, nos rins. É rara, mas é uma complicação grave em pacientes com doença inflamatória intestinal e pode ser fatal. Ocorre com mais frequência na doença de Crohn e te sido demonstrada ser mais comum na ileocolite que na ileíte ou colite, havendo forte correlação da gravidade da doença com o surgimento da amiloidose.

Revela-se como uma síndrome nefrótica ou como insuficiência renal. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento serão definidos pela equipe médica. Existem alguns remédios que podem ser utilizados, inclusive os anti-TNFα, mas realmente há casos em que há necessidade do transplante renal.

Nefrite tubulointersticial


Embora a nefrite tubulointersticial não possa ser diretamente relacionada à doença inflamatória intestinal, a relação positiva entre a gravidade da doença e a presença de proteinúria (eliminação de proteína na urina) sugere maior probabilidade de que ela seja mais uma manifestação extra intestinal que uma consequência de uma ação nefrotóxica medicamentosa (o ácido 5-amisalicílico, ou 5-ASA).

Parece que a própria doença de Crohn pode causar nefrite intersticial granulomatosa, além de ter outras consequências como hiperoxalúria, amiloidose renal e hipocalemia causada pela diarreia.



Glomerulonefrite


É considerada uma manifestação extra intestinal e vários tipos de glomerulonefrite tem sido observadas nos pacientes com doença inflamatória intestinal.

As causas incluem: exposição de células imunes a diversos antígenos com consequente produção de imunocomplexos que se acumulam nos glomérulos e fatores genéticos. Tem sido observado que a melhora da função renal tem ocorrido na maioria dos pacientes com doença inflamatória intestinal em remissão.

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